São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 1996
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Baixo custo, alto benefício

ALEX PERISCINOTO

George Lois, famoso diretor de arte, nos conta que algumas agências de publicidade lá nos EUA vivem de vender causas sociais. Adoram fazer imagem em cima dos trabalhos que executam em prol do serviço público. Ou, pelo menos, deveriam executar.
Longe de estar preocupadas com a Cruz Vermelha, os sem-teto, as causas antidrogas, elas estão mais preocupadas em fazer campanhas para ganhar prêmios, expor criatividades, acrescentar um nome de prestígio à lista de clientes.
Lois defende o tipo de propaganda que ajude a cortar o mal social pela raiz. Sem arrodeios e sem floreios.
É o caso do anúncio feito por ele, ilustrado ao lado. Com baixo custo e alto benefício, o anúncio ajudou a livrar das grades um inocente: "Contando o dia de hoje, faz 3.135 dias que estou preso por um crime que não cometi". E foi exposto à opinião pública, abertamente, que "as testemunhas oculares admitiram ter dado falsos testemunhos" e que, apesar disso, o juiz não quer conceder ao condenado um novo julgamento.
Com isso, Lois reverte o seu talento para causas impopulares e controversas, acreditando que a propaganda, diferentemente do que alguns pensam, pode ser uma arma poderosa em prol da mudança social. E sem que seja preciso gastar muito.
Foi o que aconteceu em Nova York com uma campanha para acabar com a sujeira, a falta de segurança e a baderna nos metrôs.
Apenas com cartazes internos -"Cuidado: o passageiro bem-vestido ao seu lado pode ser um policial" e "Cuidado: o passageiro malvestido ao seu lado pode ser um policial"- o problema foi resolvido, como, inclusive, nos testemunha Nelson Motta, que mora lá.
No Brasil, recentemente, tivemos um exemplo assim, verdadeiro e eficaz. Glória Perez, por intermédio da novela "Explode Coração", mobilizou e sensibilizou o país na procura de crianças desaparecidas, com resultados magníficos e imediatos.

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