São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 1996
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Crer para ver

CIDA SANTOS

O vôlei masculino viaja amanhã rumo a Atlanta tentando se acostumar com a idéia de que não terá seu capitão na Olimpíada. Carlão era o maior toque de modernidade do time: um jogador que atua em todas as posições e que, por isso mesmo, permitiu a criação do meio não-fixo, a grande novidade nos Jogos de Barcelona.
Mais: ele era a tradução da garra e da vontade de vencer.
Quem viu a final da Superliga de 94/95 dificilmente irá esquecer a imagem de Carlão jogando com o pé direito quebrado durante quase todos os três sets da decisão.
Saltava, corria atrás da bola, fazia coisas "impossíveis", alternando expressões de dor e felicidade. Na quinta-feira, o que se viu foi um capitão em lágrimas, inconformado em não poder driblar mais uma contusão.
No último sábado, um Carlão um tanto premonitório aparecia na tela do "Esporte Espetacular", da TV Globo. Era uma entrevista de 92, feita logo depois da conquista do ouro olímpico. Ele dizia: "Uma outra Olimpíada, eu acho difícil".
Uma afirmação que surpreendeu o próprio jogador, que não se lembrava dessas suas palavras. O certo é que elas acabaram virando realidade.
Hoje, o capitão tem uma árdua tarefa. Vai se despedir do time com quem trabalhou duro nos últimos quatro meses e dividiu o sonho do bicampeonato olímpico. Sem Carlão, tudo fica mais difícil para o Brasil, numa das Olimpíadas mais equilibradas da história e com dois favoritos: Itália e Holanda.
O técnico Zé Roberto terá novas equações e pouco tempo para resolvê-las. Sem Carlão, que fazia as trocas de rede com Marcelo Negrão, a equipe acaba jogando mais quadradinha.
Mas você sabe: técnica e tática são importantes, mas união, em um time talentoso, pode ser fundamental. Quem sabe a turma não se supere e acabe, como em 92, atropelando os favoritos. É crer para ver.

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