São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 1996
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Comédia romântica multiplica Keaton

PATRICIA DECIA
DE NOVA YORK

Quem não gostaria de ter mais tempo, seja para o trabalho, para gastar com a família ou simplesmente se divertir?
O diretor Harold Ramis transformou essa necessidade que atormenta a maioria dos seres humanos em uma comédia romântica ao fazer "Multiplicity", com Michael Keaton e Andy MacDowell no elenco.
Keaton é Doug Kinney, o mais normal dos norte-americanos de classe média. Ele trabalha muitas horas como chefe em uma construtora e não consegue dar atenção à mulher (MacDowell) e aos filhos.
Quando ela resolve voltar a trabalhar como corretora de imóveis, a situação fica ainda mais complicada e o casal se vê sem saída.
A chave para a solução do problema é a multiplicação de Keaton. O responsável pelo milagre não tem nada de divino. Pelo contrário, é a ciência (mais especificamente a engenharia genética) que possibilita sua clonagem.
Daí em diante, o filme se resume a quatro Doug Kinney se envolvendo em confusões num grande número de cenas filmadas com efeitos especiais.
O responsável por colocar quatro vezes Michael Keaton na mesma tela é Richard Edlund, o supervisor de efeitos especiais, que ganhou vários Oscar por suas contribuições na trilogia "Guerra Nas Estrelas" e por seu trabalho em "Os Caçadores da Arca Perdida".
Por causa da dificuldade imposta pelos efeitos especiais, "Multiplicity" demorou mais de 11 meses para ser concluído -oito meses de pré-produção, além de 98 dias de produção propriamente dita.
Cada um dos clones de Kinney, chamados apenas de "Dois", "Três" e "Quatro", tem ressaltado um aspecto da personalidade de seu original. "Dois" é o workaholic machista, desleixado em sua higiene pessoal, interessado em esportes, cerveja e mulheres.
"Três" é a dona-de-casa perfeita, que lava, passa, cozinha e cuida das crianças. O personagem provocou uma certa polêmica entre a imprensa norte-americana por ter maneirismos gay politicamente incorretos. Ramis e Keaton negaram a insinuação, dizendo apenas que ele tem seu lado feminino exacerbado, mas que isso não se reflete em sua sexualidade.
"Quatro" é um clone feito a partir de "Dois", e por isso, saiu um tanto limitado intelectualmente. Ele age como uma criança sem coordenação motora e totalmente desprovida de bons modos.
O fato dos clones não passarem de estereótipos, aliado a um bom figurino para diferenciar um do outro, ajuda Keaton a não se repetir na interpretação.
Mas nem as macaquices do ator ao encarnar "Quatro" são suficientes para garantir muitas risadas. No meio dessa overdose de Keaton, Andy MacDowell interpreta, mais uma vez, uma mulher doce, romântica e compreensiva.
Sua participação, no entanto, propicia dois dos melhores momentos do filme. O primeiro é quando Kinney resolve viajar escondido e os três clones acabam transando, em momentos diferentes, com MacDowell.
Em outra cena, Kinney e ela vão jantar no mesmo restaurante em que "Dois" levou sua nova conquista. A troca de casais é inevitável e as risadas, também.

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