São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 1996
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Só HBO sabe o que faz com o cinema brasileiro

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

A Rede Bandeirantes tem exibido uma série de filmes brasileiros um tanto decepcionantes. Conforme o filme, bota decepcionante aí.
Nenhum, certamente, o será mais que "O Homem do Pau-Brasil", de Joaquim Pedro de Andrade (21h30). O diretor já tinha em seu currículo "O Padre e a Moça", clássico absoluto, "Macunaíma", exuberante êxito, "Os Inconfidentes", filme desesperado do tempo do governo Médici.
Até hoje não fica claro por que "O Homem do Pau-Brasil", ao abordar, no início dos anos 80, a figura mais apaixonante do modernismo brasileiro, o escritor Oswald de Andrade, cindiu sua figura em duas: uma masculina e outra feminina.
É uma idéia inesperada, sem dúvida, mas que não encorpa ao longo do filme, parece gratuita.
Daí, o filme (e tantos outros que têm sido exibidos) permitir uma pergunta e uma digressão. Qual a real relação da TV com o cinema no Brasil? É uma coisa confusa.
Sabe-se que a Globo sempre evitou uma aproximação maior. Mas a Globo tem um bom motivo: controla seus produtos de perto, busca e consegue uma padronização que a produção de cinema não permitiria alcançar.
As demais estações não têm esse argumento. Com a tímida exceção da TV Cultura, nenhuma desenvolveu uma política de aproximação com o cinema que, no entanto, lhes garantiria um retorno em marketing e audiência garantido (porque filmes brasileiros conseguem bom ibope em TV).
Ou antes: a HBO acaba de instituir um prêmio para finalização de filmes ( R$ 100 mil, mais publicidade). Certo, é um canal de filmes, mas é um canal pago. Até agora parece ser o único que toma uma atitude em relação ao filme nacional tendo consciência do que faz.
(IA)

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