São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 1996
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Fotos aéreas mostram São Paulo e Rio antigos

ANA MARIA GUARIGLIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A partir do próximo mês, a Casa de Cultura Grande Otelo, em Sorocaba (SP), vai mostrar, pela primeira vez, fotos aéreas tiradas pelo comandante Celli e encontradas no ano passado pela família.
Célio Celli (1910-1991) é o autor de uma coleção de cerca de 8 mil fotos que mostram vistas aéreas de São Paulo entre 1930 e 1970.
Os trabalhos foram produzidos pela Empresa Nacional de Fotos Aéreas (Enfa), que ele fundou em 1938, especializada em levantamentos aerofotogramétricos.
As fotos eram tiradas com câmeras especiais e negativos comuns e de vidro por meio de uma cavidade feita no assoalho do avião, com o diâmetro das objetivas.
Em outras ocasiões, fotografava pela janela do aeroplano, travando o leme, enquanto o deixava planar sobre as localidades.
Dessa forma, registrou a região central da cidade, como a praça da Sé, avenidas 9 de Julho, Paulista e Rangel Pestana, e bairros em desenvolvimento, como a Hípica Paulista e o Brooklin.
Em 1939, fez uma série de fotos do autódromo de Interlagos e da represa velha de Santo Amaro.
Em 1950, sobrevoou o aeroporto de Congonhas e o alto da serra da via Anchieta, trecho da estrada que liga São Paulo à cidade de Santos.
Também fotografou Campinas, Andradina, Presidente Prudente, Sorocaba e Santos, além do Rio de Janeiro e outros Estados.
Nascido em São Paulo, e primo em segundo grau do diretor italiano Adolfo Celi (1922-1986), no início dos anos 30, o comandante foi corretor de imóveis, fazendo o loteamento dos primeiros terrenos no bairro do Pacaembu.
Participou da Revolução de 1930 e, em 1936, entrou para a aviação civil, recebendo a carta de piloto comercial nº 64. Tornou-se, então, comandante das Linhas Aéreas Brasileiras, uma das companhias pioneiras no transporte de cargas e passageiros.
Sandra Spinosa, 37, neta de Celli, e Rogério Jardim, 39, curadores da coleção, têm lutado muito para preservar e manter o acervo.
Os negativos estão catalogados e guardados em envelopes numerados e devidamente identificados.
A manutenção da coleção está sendo financiada pelos curadores que, ao mesmo tempo, procuram parceiros para promover mostras do material.
(AMG)

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