São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 1996
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Circo Nerino é retratado por Verger

Projeto homenageia Piolim

ANA MARIA GUARIGLIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A coleção de fotos inéditas do francês Pierre Verger (1902-1996) promete ser uma das atrações do projeto "Circo no Brasil".
A programação será apresentada em março de 1997, no Sesc Pompéia (São Paulo), em homenagem ao centenário do palhaço Piolim (1897-1973).
O acervo pertence a Roger Avanzi, 74, herdeiro do circo Nerino e um dos autores do projeto.
Em conjunto com a pesquisadora Verônica Tamaoki, 37, prepara um livro sobre o tema (leia texto nesta página).
Verger fotografou o Nerino em Recife, como repórter da revista "O Cruzeiro", em agosto de 1947, no bairro de Casa Amarela.
A maioria das cenas -aproximadamente 180- documenta a montagem do circo, as formas ondulantes da sua lona associadas aos movimentos gestuais dos operários.
Mais do que uma simples reportagem, as fotografias de Verger se distinguem pela composição gráfica, em que as imagens se revelam pelos detalhes e desenhos imperceptíveis a olho nu.
Nos bastidores do circo Nerino, o fotógrafo captou cenas de acrobacia, o maestro da orquestra e os travestis, que participavam do elenco.
Um dos destaques é o retrato de Nerino Avanzi (1884-1962), o palhaço Picolino, fundador do circo.
Apesar de ser uma fonte de inspiração para compositores, escritores e pintores, a história do circo foi muito pouco registrada.
Esplendor
Para a pesquisadora Verônica Tamaoki, a história se encontra na memória daqueles que vivenciaram o circo em seu esplendor.
Como aluna de Roger Avanzi na Academia Piolim de Artes Circenses -que, em 1978, funcionava sob as escadarias do estádio do Pacaembu-, Tamaoki resolveu transcrever a memória viva do mestre.
Inaugurado em 1913, no Paraná, o Nerino fundiu cinco décadas de sua história com a história dos principais circos, como o Garcia, o Bartholo e o Arethuza, e dos artistas, os palhaços Piolim, Arrelia e Chincharrão.
Contribuição social
O circo Nerino baixou sua lona definitivamente em 1964. Sem subvenção do governo e espaços urbanos para suas instalações, inúmeros circos tiveram o mesmo destino.
Verônica Tamaoki e Roger Avanzi começaram a elaborar o livro "Circo Nerino" há dois anos, com uma pequena verba de pesquisa da Funarte (Fundação Nacional de Arte).
Apesar de estar em busca de patrocinadores, os autores preparam o lançamento da edição para março do próximo ano.
"Há falta de material sobre o assunto, e o livro, a partir do acervo do Nerino, é o primeiro inventário sobre o universo circense brasileiro", diz Verônica.

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