São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 1996
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Grécia é uma dádiva do mar Egeu

Olimpíadas nasceram no país

JANIO DE FREITAS
ENVIADO ESPECIAL À GRÉCIA

Os mares, como os povos, como as pessoas, têm as suas culturas próprias, inconfundíveis, porque diferentes são as suas histórias.
Cada qual tem um grau de convívio com a inteligência, tem o seu temperamento, alguns contemplativos e hospitaleiros, os outros rabugentos, se encrespando com uma simples brincadeira do vento, capazes até de calamidades impiedosas.
História e civilizações, no entanto, que não se casariam numa expressão e na expressão de uma idéia, não fosse pela contribuição de certos mares.
E nenhuma foi maior que a contribuição do mar Egeu, co-fundador de toda a arte, de toda a literatura, de todo o pensamento, de tudo, enfim, que deu origem e identidade ao que se chama de cultura ocidental, quando não se quer chamar de cultura universal.
Foi nas ilhas esculpidas pelo mar Egeu com habilidade divina, tão acolhedoras, tão lindas, que puderam brotar os focos iniciais de nossa cultura. Cujas sementes a placidez do mesmo Egeu levou, depois, às costas continentais que o circundam.
São também os frutos infindáveis daqueles anos de invenção que o mundo moderno celebra agora, nas Olimpíadas de Atlanta.
Não é mais do que justo que as civilizações germinantes entre 3.000 e 4.500 anos atrás, raízes do fenômeno que foi a Grécia Clássica, se reúnam na história sob o nome de civilização egéia. Do mar Egeu.
Nenhum mar é mais culto do que o Egeu. Mas o mar Egeu é mais do que culto. Sua habilidade para criar a costa do que hoje são a Grécia moderna e a Turquia, recortando-a com minúcia e preciosismo como nenhuma outra, é obra de mar artista.
Reflexões
As praias -sutis, íntimas- aí se encadeiam em sucessão infinita, intercaladas por elevações talvez só deixadas pelo Egeu para proporcionar as vistas panorâmicas (diante de vistas panorâmicas, não há quem não mergulhe em reflexões e, não por acaso, delas nasceu a Grécia).
Em proporção ao tamanho, nenhum outro mar esculpiu tantas ilhas. Não se contam em centenas, só em milhar. Mas não são simplesmente ilhas. São variações, todas, do mesmo estilo de criação.
Todas desabrochadas e radiantes, brancas e azuladas, cada recanto recebendo o sol e refletindo o mar. E pequenas, como devem ser as jóias. Essas ilhas não deixam dúvida de que as águas do mar do Caribe andaram visitando o Egeu, onde aprenderam a sua arte de fazer ilhas e praias.
Onde ir e o que fazer, de preferência, no mar Egeu -eis uma questão que na verdade não existe. Viagem ao encontro da história, viagem de puro descanso, viagem de gozo do mar: tudo isso está à disposição, junto ou separadamente, em qualquer parte do mar Egeu e do seu litoral, tanto o grego quanto o turco.
A pé, de ônibus, de carro, de barco, de navio ou de avião, como se queira. Daqui até lá em vôo direto -e com a possibilidade de uns dias na tentadora escala de Casablanca, "you must remember this".

LEIA MAIS sobre a Grécia nas págs. 6-2 a 6-10

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