São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 1996
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Papandreou reinventou a política grega

DA REDAÇÃO

A política grega na segunda metade deste século confunde-se com a saga do primeiro-ministro Andreas George Papandreou, morto no último 23 de junho aos 77 anos.
Filho de político, o duas vezes premiê George Papandreou manteve até sua morte o sólido apoio de dois quintos dos eleitores.
Após a derrubada do regime dos coronéis em 1974, Papandreou fundou o Pasok, Movimento Socialista Pan-Helênico.
Comandou esse partido até a morte e, por ele, foi eleito duas vezes para a chefia do governo grego.
Na primeira vez, em 1981, o Pasok levou 48% dos votos, um crescimento impressionante a partir dos 14% de sete anos antes.
Doze anos mais tarde, após escapar de acusação de corrupção, Papandreou e seu partido venceram novamente, com 47% dos votos.
Sua recuperação política se compara ao seu apego pelo poder. Preso a máquinas de sustentação da vida, Papandreou só abandonou a chefia do governo em janeiro.
Andreas Papandreou foi preso na juventude sob a acusação de trotskismo. Em 1938, emigrou para os EUA, onde fez sucesso como um economista da escola liberal.
Cerca de 20 anos depois, voltou à Grécia, para ser novamente exilado pelo regime dos coronéis em 1967 -após oito meses na cadeia.
Peripécias amorosas
Observadores estrangeiros costumavam dar muita importância às peripécias amorosas de Papandreou. Entre outras, abandonou a segunda mulher por Dimitra, uma aeromoça 36 anos mais jovem.
Internamente, seus opositores protestavam não contra o caso do premiê com Dimitra, mas contra o crescente poder dela, que era vista cada vez mais como a chefe de fato, se não de direito, do regime.
Politicamente, foi contraditório. Nos negócios estrangeiros, foi da oposição à União Européia ao hábito de extrair recursos de Bruxelas. Ameaçou vetar a entrada da Espanha e de Portugal se seu país não ganhasse mais dinheiro.
Virulentamente antiamericano -apesar dos anos vividos nos EUA- e terceiro-mundista, Papandreou manteve o país na Otan.
Na guerra nos Bálcãs, iniciada com a desintegração da Iugoslávia, Papandreou apoiou os sérvios -correligionários ortodoxos.
Mas sua maior contribuição para esse conflito foi a recusa em reconhecer a independência da Ex-República Iugoslava da Macedônia por causa do nome, o mesmo de uma região grega, e da bandeira.
O Pasok de Papandreou iniciou sua vida política com um flerte com o marxismo, para chegar à segunda metade dos anos 90 como uma social democracia liderada pelo reformista Costas Simitis.

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