São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 1996 |
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Democracia ajuda países
CLÓVIS ROSSI
A tese de um dos autores do relatório é a de que "mortes devido à fome raramente acontecem em países independentes e democráticos, com uma oposição política e uma imprensa livre que possam criticar as políticas governamentais antes que a fome aconteça". Ou, posto de outra forma: "O debate sobre a escolha entre crescimento e participação social está morto. As pessoas querem ambas as coisas". Sob esse ponto de vista, o planeta evoluiu nas últimas décadas. Só no ano de 93, no qual se baseia o relatório, 43 países tiveram suas primeiras eleições na história (1 de cada 4 países do relatório). Só na América Latina, 18 países fizeram a transição de governos militares para democráticos, desde 1980 (inclui o Brasil). O relatório adverte que muitos dos avanços são mais de forma que de conteúdo. O relatório condena o que chama de "crescimento sem futuro". Traduzindo: o crescimento atual consome recursos necessários às futuras gerações. Põe números alarmantes nesse capítulo ambiental. Exemplo: só a desertificação de terras férteis custa, no mundo todo, cerca de US$ 42 bilhões por ano, dos quais US$ 9 bilhões apenas na África. O PNUD propõe um imposto ambiental ou, em termos exatos, estabelecer um preço para a destruição dos recursos. A agência da ONU insiste na implementação da Agenda 21, as linhas de ação propostas pela Eco-92, conferência internacional realizada no Rio. O relatório lamenta também o "crescimento desenraizado", aquele que se dá desrespeitando culturas diferentes. Diz que muitas das 10 milhões de culturas existentes no mundo correm risco de marginalização ou desaparecimento. O PNUD atribui "a violência na antiga União Soviética e nos Bálcãs (antiga Iugoslávia) a uma trágica herança de um governo culturalmente repressivo". E cita Suíça e Malásia como países de sucesso econômico que souberam respeitar suas diversidades culturais. (CR) Texto Anterior: Os números da ONU Próximo Texto: Aids prejudica o avanço social Índice |
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