São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 1996
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Dois terços dos cheques emitidos são pré

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A cada três cheques que se assinam no país, dois são pré-datados. Há dois anos, na implantação do Plano Real, a relação era praticamente de um para um.
"O uso do pré-datado está disseminado", diz Deolinda Victoria, gerente de marketing da Teledata, empresa que garante cheques.
A pesquisa do Teledata mostra o ritmo de crescimento da participação dos pré-datados. Eles representam neste mês 65% do volume de cheques consultados no país. Há um ano, participavam com 60,16% e, há dois, com 55,81%.
E o valor médio dos cheques pré-datados está subindo. Neste mês, gira em torno de R$ 119 -5,3% maior do que há um ano e 35,2% maior do que há dois.
Três meses
"A facilidade para pagar parcelado faz aumentar o valor da compra", diz Deolinda. Ela lembra que, além dos supermercados e dos postos de gasolina, até mesmo as padarias e os parques de diversões já trabalham com pré-datados de até 90 dias.
Na sua análise, quanto maior o parcelamento do pagamento com cheques, maior é também o risco da inadimplência. "Só que o comércio já não consegue mais trabalhar sem os pré-datados."
Calote menor
A inadimplência neste mês, pelo levantamento da Teledata, está estabilizada, mas num patamar alto. O volume de cheques devolvidos representa até agora 1,60% do volume total de cheques consultados.
Em julho do ano passado, representavam 3,02%. Os grandes picos da inadimplência depois do Real, segundo a Teledata, foram registrados em janeiro de 1995 (3,47%), fevereiro de 1995 (3,62%) e março de 1995 (3,76%). O maior índice deste ano foi o de março, de 3,31%.
Crediário popular
A procura pelo crediário aumentou neste mês em São Paulo. Do dia 1º a 14 deste mês, a média diária de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) cresceu 46,5% sobre julho de 1995 e 0,5% sobre junho deste ano.
Para os economistas da Associação Comercial de São Paulo, que administra o SPC, o número de consultas neste mês é maior do que o de julho de 1995 porque a base de comparação é fraca.
É que nesta mesma época do ano passado o comércio sentia os efeitos das medidas do governo para frear o consumo.
A procura pelo pagamento a prazo também está maior neste ano, diz Emílio Alfieri, economista da associação, porque os prazos de financiamento -sobretudo das grandes redes- saltaram de 12 meses para 24 meses.
A liberação geral do crédito das financeiras, há menos de três meses, que possibilitou às pequenas e médias lojas venderem com prazos maiores, também deu mais força ao crediário, que representa cerca de 70% do faturamento das grandes lojas.
Venda à vista
Para Alfieri, o frio explica o comportamento do comércio.
A expectativa da associação para este mês é que a venda à vista cresça 10% sobre junho e a procura pelo crediário aumente 12%.

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