São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 1996
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Lotus adapta "Notes" para a Internet

Lotus cai de boca na Internet

HEINAR MARACY
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Principal executivo fala sobre estratégia da empresa para corrida à rede mundial
Jeff Papows, vice-presidente executivo da Lotus, não acredita no crescimento das intranets (redes corporativas que utilizam a mesma tecnologia da Internet).
Em entrevista exclusiva, Papows fala da estratégia da Lotus para levar as principais tecnologias do "Notes" para a Internet.
A Lotus é uma das líderes mundiais no segmento de produtos para groupware. Segundo a empresa, 90% das grandes empresas que utilizam ferramentas de groupware em todo o mundo, trabalham com Lotus.
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Folha - Como o crescimento da Internet e das intranets está afetando produtos que usam padrões proprietários como o "Lotus Notes"?
Jeff Papows - A Internet está tendo um impacto muito grande em todos os campos da informática. A Lotus sempre teve a preocupação de não subestimar a influência da Internet.
Atualmente, estamos desenvolvendo a versão 4.5, que tem o nome código "Domino". Queremos transformar o "Notes" na melhor ferramenta para a sustentação de aplicações.
Folha - O "Notes" vai deixar de ser um sistema proprietário?
Papows - Vamos migrar gradativamente de protocolos proprietários para os padrões abertos da Internet. Em setembro, lançaremos o "Notes 4.5", que trará compatibilidade.
Com ele, qualquer usuário da Web poderá consultar e interagir com dados e programas baseados em "Notes". Bastará clicar em uma URL disposta em um documento do "Note".
Designers de páginas da Web poderão ter um controle preciso sobre o acesso dos visitantes ao site e aos documentos dentro dele.
O próximo passo será o lançamento do "Notes 5.0", conhecido como "Domino 2", no primeiro semestre de 97. Ele será baseado somente em padrões comuns da Internet.
Folha - O objetivo principal da Lotus hoje é administrar a transição de um sistema proprietário para um padrão aberto?
Papows - É mais do que isso. Queremos levar para a Internet as tecnologias que hoje formam o coração do "Notes" e que os usuários da Web necessitam para transformar.
Hoje a Web é um sistema de publicação de informação estática. Você tem páginas que podem ser folheadas e usuários que surfam pela rede mas sem interatividade.
O que deve acontecer dentro de seis a oito meses é a transição dessa forma de interatividade simplista para algo mais sofisticado.
Folha - Dentro dessa perspectiva, quem é a maior ameaça aos planos da Lotus: Netscape ou Microsoft?
Papows -Em termos de groupware, estamos vários anos na frente da concorrência. Não existe armazenamento de objetos no "Netscape Navigator" como há no "Notes".
A Netscape vem realizando um trabalho tremendo de marketing e distribuição de seus produtos. Mas suas ferramentas para groupware ainda são muito básicas.
Sua nova linha Orion, prometida para daqui a um ano, trará recursos que hoje já estão disponíveis no "Notes".
Folha - Se a Netscape é sua concorrente, como se explicam os boatos de uma fusão de tecnologias entre as duas empresas?
Papows - Vemos a Netscape mais como um parceiro do que como um concorrente. Estamos trabalhando juntos em vários projetos como o Icap (Internet Calendar Access Protocol).
Folha - E o Microsoft Exchange? É uma ameaça?
A Microsoft é uma ameaça para qualquer mercado. Mas o "Exchange" demorou três anos e meio para chegar às mãos do usuário. É um grande sistema de mensagens.
Folha - E a aquisição da Lotus pela IBM? Ajudou ou prejudicou a empresa?
Papows -Conseguimos um fato raro na indústria de informática. Mantivemos nossa autonomia.

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