São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 1996
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Comunidade

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A cobertura na CNN foi sem envolvimento, algo burocrática, como era de esperar. É "uma nova comunidade" formada "para promover a língua deles".
"Eles" somos nós, os povos de língua portuguesa.
Para falar da nova comunidade, a rede internacional entrevistou o presidente português, em bom inglês.
Em meio a declarações bocejantes de que o objetivo é "promover a paz", ele afirmou que a comunidade vai "estar unida no cenário internacional".
Alguma utilidade, afinal. Para o Brasil, que tanto lutou pela organização, os dividendos já foram anunciados.
"O Brasil recebeu apoio para uma vaga no Conselho de Segurança das Nações Unidas", registrou a Voz do Brasil.
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Nem a CNN caiu na nova lei sobre a Justiça Militar, no Brasil.
A rede deu menos atenção ao que mudou e mais ao fato de que "a investigação continua nas mãos da autoridade militar, que determinará se o processo passa ou não para a Justiça Comum".
Aliás, por aqui é história, mas a CNN não esquece que a Polícia Militar é acusada de "diversos massacres", em especial aquele dos sem-terra no Pará, e está sendo investigada e julgada pela "autoridade militar".
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Em ambiente de crescente influência das "comunidades", étnicas, locais, mundiais, é significativo o conflito entre sem-terra e indígenas, apresentado ontem na Globo e no SBT.
Para forçar a saída dos sem-terra da reserva indígena, os índios tomaram quatro deles como reféns. Os sem-terra reagiram e houve confronto.
As imagens do Jornal Nacional, dos índios encapuzados e armados, lembravam aquelas de Chiapas, da também inesperada revolta indígena, no México.

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