São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 1996
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Itamar discute novo cargo com presidente

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

O ex-presidente Itamar Franco disse ontem que vai acertar, em conversa com o presidente Fernando Henrique Cardoso, o seu novo destino, como embaixador junto à OEA (Organização dos Estados Americanos).
Mas a frase, pronunciada em meio ao habitual tumulto de jornalistas cercando autoridades brasileiras, foi entendida por alguns como confirmação de rumores de que Itamar estaria considerando trocar o cargo na OEA por um posto na iniciativa privada.
Essa versão chegou a ser difundida no Brasil, mas não parece combinar com os preparativos que os assessores de Itamar fazem em Lisboa.
Ruth Hargreaves, por exemplo, que sempre acompanha o ex-presidente, já mandou a filha para os Estados Unidos.
Nas conversas com a comitiva de FHC, Ruth em momento algum deu qualquer indicação de que Itamar pretenda desistir de Washington para voltar ao Brasil.
FHC negou a versão, com uma frase seca: "Não é certo, isso".
O próprio Itamar recusou-se ontem a comentar qualquer assunto interno brasileiro, alegando que estava inteiramente dedicado à atividade diplomática em torno da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa).
Nem sequer respondeu a uma pergunta da Folha sobre a aceitação do convite para retornar ao PMDB, feito pelo presidente do partido, Paes de Andrade, por intermédio de Tarcísio Delgado, ex-prefeito de Juiz de Fora (como Itamar), que passou por Lisboa.
Ontem, por exemplo, fez questão de dizer que, em sua gestão, dera firme apoio aos movimentos que lutam pela independência de Timor Leste, possessão portuguesa no Índico, hoje ocupada pela Indonésia.
Tais movimentos se queixam de que o atual governo brasileiro é tímido no apoio a eles. Itamar só não mencionou que, em seu governo, Fernando Henrique Cardoso era o chanceler, portanto responsável pela política externa.

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