São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 1996
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O significado da Olimpíada

CONSTANTIN DRAKAKIS

As raízes dos Jogos Olímpicos pertencem à mitologia grega. De acordo com Píndaro e Aristóteles, o grande herói mitológico, o semideus Hércules, filho de Zeus e da mortal Alcmena, criou os Jogos em Olímpia, comemorando sua vitória na guerra contra o rei de Élis, Áugias, em 1235 a.C.
A primeira, historicamente comprovada, menção da intenção de criar os Jogos Olímpicos aparece no início do oitavo século a.C., quando os reis de Élis (região de Olímpia), Ífito, e de Esparta, Licurgo, concluíram tratado por meio do qual Élis foi declarada terra santificada, inatacável e neutra, sendo que, durante a realização dos Jogos, seria respeitada trégua com cessar-fogo total em seus conflitos armados. A partir de 776 a.C., quando foi realizada a primeira Olimpíada, oficializando os Jogos Olímpicos, os termos do tratado bilateral acima referido receberam adesão e foram respeitados por todas as cidades-Estado helênicas e suas colônias nas costas do Mediterrâneo. A título de curiosidade, o primeiro "medalha de ouro" foi Córivos, que, segundo antigas "fofocas", era cozinheiro.
Para melhor entendimento do espírito olímpico, não se pode esquecer que os Jogos eram associados à crença religiosa dos gregos, os quais acreditavam que os deuses tivessem sido os primeiros a concorrer em competições esportivas. Segundo a lenda, em Olímpia, Zeus (Júpiter) venceu Cronos na luta livre, assim como Apolo venceu Hermes (Mercúrio) na corrida e Ares (Marte) no pugilismo. Além dos deuses, os heróis semideuses também concorriam entre si, com maior destaque para Hércules.
Explica-se, portanto, o motivo pelo qual todas as competições esportivas eram realizadas dentro das áreas sagradas dos templos (Olímpia, Delfos, Isthmia em Corinto etc.). Nesse contexto, os Jogos eram dever religioso, não apenas divertimento, dever importante ditado pelos deuses para aperfeiçoar o homem e fortificá-lo em seu esforço para desenvolvimento equilibrado de seu corpo e alma, tornando-o um cidadão "bom e virtuoso". Segundo Pausânias, famoso narrador dos tempos antigos, quando o rei Ífito pediu ao Oráculo de Delfos conselho para a forma de livrar a Grécia das guerras fratricidas, das destruições, da peste e das doenças, a Pitoniza respondeu que ele deveria reinstituir para os homens os Jogos míticos criados por Hércules, sendo que os prêmios pelas vitórias não poderiam ser compensações materiais, apenas uma coroa feita por ramos de oliveira. O significado profundo desse mandato dispensa comentários.
As Olimpíadas, com sua realização periódica de quatro em quatro anos, serviam de referência cronológica para os gregos, tão grande era o prestígio e a importância delas; elas foram realizadas ininterruptamente durante 12 séculos, ou seja, desde o ano 776 a.C. até o ano 393 d.C., quando foram proibidas pelo imperador bizantino Teodósio 1º. A divulgação universal dos Jogos, no mundo da época, iniciou-se com a expansão da cultura helênica, por meio das campanhas comandadas por Alexandre o Grande. No ano 212 d.C., o imperador Caracala concedeu a todos os habitantes do Império Romano, do qual a Grécia já fazia parte, a cidadania romana, permitindo, consequentemente, a participação de pessoas de origens nacionais diferentes na Olimpíada. Dessa forma, os Jogos Olímpicos internacionalizaram-se.

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