São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 1996
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Parafernália eletrônica protege Vila

ANDRÉ FONTENELLE
ENVIADO ESPECIAL A ATLANTA

Experimente tocar a cerca de três metros de altura que envolve a Vila Olímpica de Atlanta. Não tomará um choque, mas um susto. Um guarda, em poucos segundos, perguntará quem encostou na grade.
Todas as cercas dispõem de sensores que detectam o mais leve toque. É um exemplo das novas tecnologias empregadas para garantir a segurança dos Jogos de Atlanta.
"Estamos levando a segurança a níveis jamais alcançados", garante Bill Rathburn, chefe de segurança do comitê organizador (Acog).
Entrar na Vila Olímpica, por causa da preparação contra o terrorismo, exige paciência. Mas os controles parecem não incomodar os atletas (leia texto abaixo), contentes com a sensação de segurança que o grande número de soldados transmite -ao todo, são cerca de 25 mil pessoas na Olimpíada.
O visitante tem de passar por uma série de controles para chegar à Vila. Tem de esvaziar os bolsos, se submeter a uma revista com sensores e passar sob o detector de metais, enquanto seus pertences são perscrutados por raios X.
As credenciais de atletas, dirigentes, autoridades e jornalistas contêm microchips. Em caso de roubo, a licença pode ser cancelada. Também se pode alterar instantaneamente a lista de áreas às quais uma credencial tem acesso.
Os residentes e funcionários da Vila também têm de passar por um leitor da palma da mão, que compara as medidas com as gravadas no chip da credencial. Além disso, jornalistas só têm acesso à zona residencial com convite.
Para prevenir o uso de caminhões-bomba, sensores foram colocados perto dos dormitórios.
"Os veículos deixados perto dos dormitórios serão rebocados, e a integridade dos dormitórios não será violada", garante Gary McConnell, chefe do Solec (Comando Estadual de Aplicação da Lei Olímpica), órgão criado para coordenar a segurança em Atlanta.
A base do sistema é a cooperação entre agências municipais, estaduais e federais. Ao todo, são cerca de cem órgãos trabalhando juntos.
Segredos
Para aumentar a segurança, série de detalhes é mantida em segredo, como a localização do alojamento de cada país ou o número de pessoas trabalhando na segurança.
Todo esse sistema não elimina um método de entrar na Vila sem credencial: o jeitinho.
Anteontem à tarde, um jornalista húngaro foi surpreendido sem credencial dentro da Vila. Explicou que um dirigente o deixara entrar e pôde ficar.
Essa é a principal falha do sistema -um voluntário de posto de controle tem autonomia para deixar passar pessoas não-autorizadas. "Sempre haverá tentativas de desafiar o sistema", reconhece o diretor da Vila, Steve Kittell.

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