São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sesc promove festival de compositores

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

Os coadjuvantes vão assumir os papéis principais. Até domingo, os compositores roubam o papel dos intérpretes no Sesc Pompéia.
Nomes como Guinga, Vicente Barreto, Celso Viáfora e Moacyr Luz mostram suas canções ao público no festival "Novo É a..., Você que Nunca Ouviu".
São quatro dias de shows, com oito compositores. Eles se apresentam sozinhos ou acompanhados pelas cantoras Mônica Salmaso e Lúcia Helena.
O destaque do evento é a participação de Guinga, um dos maiores compositores da MPB. Com 29 anos de carreira, já foi gravado por Chico Buarque, Djavan, Elis Regina e Leila Pinheiro.
"Qualquer iniciativa para preservar a dignidade da música é válida", diz Guinga, que se encaixa perfeitamente no perfil do evento: respeitadíssimo pelos músicos, é ignorado pelo público.
Desde 1975, Guinga ganha a vida como dentista. "Não coleciono nenhuma amargura. Nunca quis ganhar dinheiro com música. É melhor assim. Faço a música que quero."
Mesmo assim, acredita que poderia haver mais espaço para os compositores. "Há nomes como o de Chico César, que surgem e arrebentam. Mas existem muitos outros que mereceriam tratamento igual".
Projeção
O talento de Guinga foi reconhecido pela primeira vez em 1973, quando o MPB-4 gravou "Maldição de Ravel".
Na sequência, foi adotado por Elis Regina (que gravou "Bolero de Satã") e virou parceiro constante de Paulo César Pinheiro, com quem trabalhou até o final da década de 80.
Foi preciso que Aldir Blanc o sacudisse para que Guinga gravasse um solo. "Ele não admitia que um artista como eu não tivesse seu próprio disco", conta.
Já com Blanc como parceiro, gravou, em 91, "Simples e Absurdo". O disco trazia as composições da dupla nas vozes de Chico Buarque, Leila Pinheiro, Leny Andrade e Claudio Nucci.
Guinga só foi virar intérprete em "Delírio Carioca", seu segundo disco, de 1993. "Um compositor que não canta não projeta sua obra", diz. O disco foi seu passaporte para uma participação no Free Jazz em 1994.
Chico Buarque
Nos shows do Sesc Pompéia, Guinga vai tocar músicas de seus dois discos, como "Catavento e Girassol", "Lendas Brasileiras" e "Saci".
Em agosto, entra em estúdio para gravar o terceiro, com o nome provisório de "Rio de Exageros".
Vai ser o disco mais instrumental da sua carreira. Deve ter a participação de Hermeto Paschoal em uma ou mais faixas. "Para mim, é uma questão de honra", diz.
Guinga pensa em apenas um intérprete. "Há uma música em que sinto a voz do Chico Buarque. Ficaria feliz se ele participasse."
Ainda este mês, a cantora Leila Pinheiro lança um disco inteiramente dedicado a composições de Guinga e Aldir Blanc, chamado "Catavento e Girassol". O novo disco de Guinga só deve sair no final do ano.

Texto Anterior: Daúde; Bahia
Próximo Texto: Patrick Cox lança hoje MorumbiFashion
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.