São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 1996
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Eduardo Ferreira salva o segundo dia

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

A terceira participação do estilista Eduardo Ferreira foi o alento do segundo dia do Phytoervas Fashion.
Demonstrando renovação em seu repertório, o pernambucano trouxe modelos com divertdas perucas black-power, em looks com um regionalismo mais relaxado e comercial (para o Bem). Ferreira marcou mais pontos no trabalho de estamparia -criativo, colorido e pessoal. Bolsas de camelô e tamancos de madeira arremataram as produções.
O estilista prova que é possível usar tendências contemporâneas para fazer "moda brasileira", com caráter de criação. Basta olhar as rendas brancas do final, o street-wear, o militar e os comprimentos-tudo relaxado e fashion.
Já Gaspar Saldanha não conseguiu mostrar adequação à atual situação da moda brasileira. Mostrou coleção masculina sem inovação, embalada por um inexplicável cabelinho mod.
Depois do advento de nomes como Kauffman e Jeziel Moraes, é preciso um pouco mais de esforço e criatividade para impressionar o público do Phytoervas Fashion.
Tecidos brilhantes em espalhafatosas (para o Mal) camisas e calças, junto ao uso de transparências já vistas, se chocam contra a caretice do homem de Gaspar Saldanha.
O insustentável paletó amarelo de Fabio Ghirardelli; o prata total de Bruno Saladini e o look garçom de Douglas Rassmunsen ilustram o despropósito.
Claro, nem tudo foi erro. São simpáticas as tais estampas Alvorada, sobretudo no maiô de Flavio Zulques, e o visual mais streetwear. Acertam também o terninho militar e as camisas de camurça.
Saldanha se mostrou coerente: suas roupas são a sua cara, como comprovado em sua entrada, ao final do desfile.
Leonardo DeChiasso também não ajudou muito. Continuou com uma trilha sonora tão entediante quanto a de Saldanha -que teve até Queen.
Nada de mais, se DeChiasso não se levasse tão a sério. Investe em costas nuas, pernas reveladas por recortes, transparências e brilho.
Esforça nos materiais e não compromete no quesito acabamento. Mas esbarra numa questão decisiva: gosto.
Sabe-se que gosto não se discute. Mas o que dizer de vestidos com flores brancas aplicadas por dentro, revelando calcinhas em fio-dental?
Vieram as anunciadas inspirações na arquitetura, em curvas, recortes e decotes. Mas e daí?

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