São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 1996
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Grupos disputam mercado de 8 milhões de usuários

Em 11 meses, surgiram pelo menos 12 novos consórcios

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A aprovação, pelo Senado, do projeto de lei que autoriza a venda de concessões de serviços de telecomunicação a empresas privadas, abre a corrida dos consórcios empresariais pelo mercado de telefonia celular no Brasil.
Entre a votação da emenda constitucional que quebrou o monopólio estatal das telecomunicações, em agosto do ano passado, e a aprovação do projeto de lei, passaram-se 11 meses.
Nesse período, pelo menos 12 consórcios entre empresas nacionais e estrangeiras foram formados e outros estão em formação.
O Brasil, segundo avaliação de indústrias de telecomunicações e companhias telefônicas internacionais, é um dos mercados mais atraentes do mundo para investimento em telefonia celular.
Estimativas oficiais do Ministério das Comunicações indicam um mercado potencial de 8,2 milhões de assinantes de telefonia celular até o final de 1998. O número atual é de cerca de 2 milhões.
Um dos motivos que tornam o mercado brasileiro tão atraente para investimentos em celular é a escassez de telefones comuns.
Alternativa
Ao contrário do que ocorre nos EUA e Europa (onde é uma opção a mais de comunicação), o celular no Brasil virou uma alternativa para quem não tem telefone fixo e é muito usado pelos assinantes. A conta média por celular em São Paulo é de R$ 130,00 por mês, contra US$ 59,00 nos Estados Unidos.
Um indicador do interesse internacional é o anúncio feito pela Millicon International Cellular, de Luxemburgo, de que está captando US$ 500 milhões no mercado americano para investir, preferencialmente, no Brasil.
Hector Villalon, diretor da Millicon no Brasil, confirmou à Folha que o grupo participará das concorrências para telefonia celular em três consórcios: um para a região Norte, outra para o Nordeste e outro para Minas Gerais.
O governo ainda não divulgou, oficialmente, como será feita a divisão das áreas para licitação, mas os consórcios já têm como certo que o país será dividido em dez regiões e que para cada uma delas haverá um edital de concorrência.
São Paulo será a região mais disputada e, segundo a expectativa dos empresários, o Estado deverá ser dividido em duas áreas: região metropolitana da capital e interior.
O valor das concessões será ditado pelo número de interessados. Por enquanto, não é possível saber quantos consórcios entrarão na disputa.
Grandes empresas, como os grupos Evadin, ABC Algar e a Ceterp (Companhia Telefônica de Ribeirão Preto) asseguram que vão disputar as concorrências, mas ainda não fecharam consórcios.
A Evadin decidiu entrar no setor de telecomunicações há apenas dois meses, quando criou a Teldin (Telecomunicações Evadin). Antônio Rego Gil, presidente da empresa, disse que o grupo está analisando tanto a opção de aderir a um consórcio existente quanto a de formar um novo.
"O certo é que queremos concorrer pelo mercado de São Paulo", afirma Rego Gil.

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