São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 1996
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Paulo Coelho escreve sobre 'os fatos inevitáveis da vida'

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Para se opor aos costumeiros argumentos depreciativos sobre sua obra, o escritor Paulo Coelho possui ao menos um fato irrefutável: a marca de 11,8 milhões de livros vendidos em todo o mundo.
Uns dos raros escritores brasileiros a pertencer ao restrito grupo de romancistas best sellers, no que esse adjetivo possui de mais gigantesco, Coelho se prepara agora para o lançamento de "O Monte Cinco", seu novo trabalho.
O que se espera, mais uma vez, é uma certa incompreensão da crítica aliada à adoração de seus leitores. E, claro, rotineiras filas para conseguir seu autógrafo na próxima Bienal Internacional do Livro, que acontece em São Paulo no próximo mês.
Assim como uma feira de livros, Paulo Coelho também parece acontecer de dois em dois anos. Esse é seu tempo costumeiro para produzir um novo trabalho.
Mas, desta vez, sua mais recente obra nasceu sob circunstâncias que fogem à rotina: "O Monte Cinco" é a estréia na Objetiva, após ter deixado sua antiga editora, a Rocco, por uma quantia que o mercado especula inimaginável.
E, ainda, sua primeira ficção escrita no momento em que seu nome é facilmente reconhecido na França, Alemanha ou EUA.
Paulo Coelho falou à Folha da Itália, na última semana, poucas horas depois de ter recebido mais um prêmio por seus escritos. Para ele, a obrigação de todo escritor é "procurar não criar problemas" para os leitores.
*
Folha - Há uma espécie de rotina a cada livro seu lançado?
Paulo Coelho - Todo novo livro é sobretudo um desafio para o seu próprio autor. A idéia central, que eu venho tentando me manter fiel em todos estes anos, é procurar ser profundo. Mas sem complicar.
Jorge Luís Borges já dizia -e eu até estou lendo uma biografia dele, está aqui na minha frente- não procurar criar problemas para o leitor. O que, na verdade, é uma obrigação de todo escritor.
Folha - Qual é o tema de "O Monte Cinco"?
Coelho - É um livro sobre o inevitável, sobre as coisas que terminam acontecendo sem que você esteja esperando.
Folha - São utilizados arquétipos e figuras mitológicas, como nos livros anteriores?
Coelho - Existe sempre uma manifestação do homem na sociedade, e uma das mais antigas é a cidade. As antigas cidades eram criadas em torno de um altar. Então escrevi o livro sobre a história de um governador e sua cidade na Fenícia antiga, 870 a.C, que depois de 300 anos de paz é invadida.
Logo que terminei o livro entrei na Internet para complementar a pesquisa histórica. Então descobri que naquela época havia na Fenícia um profeta judeu chamado Elias... O Velho Testamento na Internet... Então Elias entrou na história. Na verdade, procuro responder com "O Monte Cinco" uma pergunta comum: "Por que isso acontece comigo?"

LEIA a continuação da entrevista à pág. 5-3

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