São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 1996
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Fiscalização de vôos é criticada nos EUA

Dados sobre segurança não são publicados

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A explosão do Jumbo da TWA é o terceiro incidente com mortes na aviação civil norte-americana em nove semanas e reforça a impressão de que voar nos EUA é menos seguro do que em outros países do Primeiro Mundo.
O acidente com o DC-9 da ValuJet em 11 de maio demonstrou que a agência do governo encarregada de fiscalizar a segurança dos vôos no país, FAA, tem dificuldades para executar sua missão.
O caso ValuJet, uma das muitas empresas que oferecem tarifas baixíssimas, derrubou duas das mais altas autoridades da aviação civil, que haviam dado garantias ao público de que a companhia era segura -eles a tiraram do ar um mês depois do acidente.
O secretário dos Transportes, Frederico Pesa, em depoimento ao Congresso horas antes da explosão do Jumbo da TWA, reconheceu que um dos problemas com a FAA é que ela foi criada em 1958 com a dupla missão de fiscalizar e promover a indústria da aviação civil.
Muitos acham que essas duas tarefas são incompatíveis. O caso ValuJet parece demonstrar isso. Para não prejudicar os negócios de uma empresa bem sucedida, os responsáveis pela FAA hesitaram em condenar suas pouco recomendáveis práticas de manutenção e de segurança.
O governo publica periodicamente os índices de pontualidade das empresas aéreas do país, mas não publica o que sabe sobre sua segurança. Segundo a FAA, isso poderia levar passageiros a julgamentos apressados.
Com frequência, medidas que poderiam ter evitado tragédias só são adotadas após uma delas ter ocorrido. Depois do acidente da ValuJet, a FAA proibiu que aviões de passageiros carregassem materiais como os botijões de oxigênio que explodiram o DC-9.
A ex-inspetora-geral da aviação Mary Schiavo, que renunciou ao cargo depois de ter discordado em público da avaliação de que a ValuJet era uma empresa segura, voltou a falar na madrugada de ontem a emissoras de televisão.
Acusou seus ex-superiores de estarem sendo desleixados também com a segurança nos aeroportos. Ela disse haver aparelhos muito sensíveis para detectar explosivos em bagagens, utilizados na Europa mas não nos EUA porque o governo os considera muito caros.

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