São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 1996
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Nervos expostos

CLÓVIS ROSSI

Lisboa - A rede britânica de TV "Sky News" encerrou uma de suas reportagens de ontem sobre a explosão, no ar, do avião da TWA com a frase: "A América é, hoje, uma nação nervosa".
Sóbria, como convém a um telejornal britânico, a frase consegue assim mesmo retratar uma realidade profunda. O dramático fim do vôo 800 da TWA enviou ondas de choque não só pelos Estados Unidos, mas também pela Europa.
Até o momento em que escrevo (21h30 em Lisboa, 17h30 em Brasília), não havia nenhuma informação confirmada de que foi um ato de terrorismo. Mas era essa, claramente, a hipótese que pairava em todos os telejornais, europeus ou da CNN.
Não só nos telejornais. A equipe de crise que as autoridades francesas montaram para atender parentes dos que estavam a bordo do vôo, que se destinava a Paris, incluía uma especialista em terrorismo.
A menos que se consiga demonstrar, com a rapidez possível, que foi um acidente, os nervos da América (e do mundo) se tornarão mais e mais tensos, ante a certeza ou mesmo a suposição de que foi um atentado.
De acordo com a "Sky News", não havia a bordo uma única pessoa que pudesse ser tida, claramente, como alvo para terroristas. Logo, se houve um atentado, foi mais um ato de barbárie indiscriminada.
No mês passado, já houve um atentado contra alvo norte-americano, um alojamento militar na Arábia Saudita. O presidente Clinton reagiu propondo ao G-7, reunido coincidentemente naquele momento, um pacote de 40 pontos contra o terror. Mas foi uma reação mais eleitoral-emocional do que efetiva.
Dia 30, os ministros do G-7 reúnem-se para tentar transformar o pacote em algo operacional. Sob a enorme sombra do vôo 800.

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