São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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PMs do Pará são afastados por neurose

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM (PA)

Quase metade, cerca de 47%, dos policiais militares reformados (aposentados por problemas de saúde) no Pará nos últimos cinco anos foram afastados por apresentarem problemas mentais.
No ano passado, 63% dos reformados foram aposentados por apresentarem neuroses ou psicoses diversas.
Os dados são resultado de pesquisa da Junta de Saúde da Polícia Militar do Pará e foram apresentados anteontem em Belém, no 11º Congresso da Associação Brasileira das Polícias Militares.
O coronel Joaquim Neves, integrante da junta, disse que o caso é preocupante.
Segundo ele, o relatório vai servir de base para que o comando da Polícia Militar possa acompanhar mais de perto os problemas dos soldados.
"É possível que algum soldado que começa a apresentar tais problemas esteja hoje na ativa", disse o coronel.
Sintomas
Segundo o coronel Neves, em geral, os soldados afastados apresentaram perda de controle emocional, tendências depressivas ou agressivas, recusa ao trabalho, rebeldia e apatia.
"Acho muito difícil que isso aconteça porque os comandantes percebem a mudança de comportamento dos soldados. Temos ainda o trabalho de nossos psicólogos", disse o capitão Clodomir Alves Lima, que também integra a Junta de Saúde da PM do Pará.
Acompanhamento
O setor de psicologia da Polícia Militar do Pará vem aumentando o acompanhamento psicológico aos policiais, sobretudo em Belém.
Uma das primeiras medidas foi distribuir os 11 psicólogos pelos quartéis, dez na capital e um em Marabá.
O efetivo total da PM é estimado em 12 mil soldados.
Os integrantes da Junta Médica apontam as más condições sócioeconômicas dos soldados, associadas ao estresse da profissão, como a principal causa dos distúrbios psiquiátricos dos policiais.
"O soldado mora mal, come mal, ganha mal e convive com uma pressão diária incomum", disse o capitão Lima.
Salário
O piso salarial dos soldados é de R$ 199,99, chegando até R$ 342,47 para os cabos.
Outro fator apontado é a seleção deficiente.
"O processo é muito rápido. Precisaríamos ter um banco de aspirantes mais bem selecionados para poder chamar em caso de novas contratações", disse o coronel Neves.

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