São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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Só 12% vão para investimento produtivo

GUSTAVO PATÚ

da Sucursal de Brasília
Apesar dos números recordes comemorados pelo governo, o capital destinado à produção representa apenas 12,4% do investimento externo no país.
O Banco Central divulgou ontem que US$ 4,477 bilhões em capital externo tido como produtivo -destinado a empresas- ingressaram no país no primeiro semestre deste ano.
Em números absolutos, é o maior volume já registrado pelo BC. Especialistas ressalvam, porém, que, na comparação com o tamanho da economia brasileira e com o total de investimentos internacionais, os melhores resultados ainda estão nos anos 70.
Pelos números do Banco Central, a captação total de recursos externos no primeiro semestre foi de US$ 36,166 bilhões.
Os recursos direcionados a mercados especulativos e decorrentes da alta taxa de juros praticada no Brasil respondem pela maior parte do volume.
Empréstimos tomados por empresas brasileiras no exterior -onde os juros são menores- somaram US$ 12,214 bilhões.
As Bolsas de Valores receberam US$ 11,518 bilhões em investimentos externos, ainda de acordo com o Banco Central.
Previsões
O governo estima que o total de investimentos externos na produção brasileira deva atingir R$ 8 bilhões em 1996.
Em 1995, quando houve o maior ingresso absoluto contabilizado pelo Banco Central, foram US$ 3,285 bilhões.
Analistas como o deputado Delfim Netto (PPB-SP) levantam dúvidas quanto aos números oficiais. Ele avalia que os investimentos efetivos devem somar, em 1996, algo entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões.
Delfim avalia que os dados do governo incluem compras de empresas já existentes -e esse tipo de operação pouco acrescenta à produção nacional.
Segundo o Banco Central, a privatização da Light, em maio último, atraiu US$ 1,2 bilhão em capital externo, ou 26,8% do investimento produtivo total do primeiro semestre deste ano.
Melhora
Para o governo, o crescimento dos investimentos externos produtivos no país se tornou uma forma de refutar as críticas às políticas de juros e câmbio.
Segundo esse raciocínio, apesar dos juros altos, está melhorando a qualidade do capital externo que ingressa no país.
No primeiro semestre de 1995, por exemplo, o capital produtivo investido no país somou US$ 1,374 bilhão -ou apenas 6,8% do investimento externo total no país, de US$ 20,227 bilhões.

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