São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996 |
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As chances do Brasil na natação
DJAN MADRUGA
Embora respeite a opinião do Pradinho, gostaria de dar aos leitores uma outra visão mais otimista sobre as possibilidades de obtermos bons resultados nesta Olimpíada. Sem dúvida, a nossa seleção em Atlanta é a melhor equipe brasileira de natação, pois temos chances reais de obter quatro medalhas masculinas: nos 50 m, 100 m e 200 m livre e no revezamento 4 x 100 m livre. Acredito que neste sábado, primeiro dia da competição, já teremos uma medalha na natação, com Gustavo Borges nos 200 m livre, que pode inclusive ser de ouro. Esta é a nossa maior chance de vitória olímpica dentro d'água, isso porque além de a prova ser a mais equilibrada, com quatro favoritos, todos no mesmo nível -Michael Klin (AUS), Danyou (NZL), Anders-Holmertz (SUE) e Gustavo Borges (BRA)-, o Borges é o tipo de atleta que não erra nunca. Ele tem conquistado medalhas em todas as provas internacionais em que participou nos últimos dois anos e há muito tempo não perde os 200 m livre. Mês passado, por exemplo, ele superou em casa os norte-americanos Josh Davis e Jonh Piersma, os dois melhores na modalidade dos EUA. Ele ainda leva a vantagem de disputar a Olimpíada no país onde treina há cinco anos, e tem vencido por lá todos os atletas americanos desde 1992. A meu ver o Gustavo só não leva o ouro nos 100 m livre porque terá pela frente o russo Alexander Popov, campeão olímpico em 1992, que é outro atleta que não erra e dificilmente deverá perder os 100 m e os 50 m livre. Mas se o Gustavo conquistar medalha nos 100 m e 200 m ou 4 x 100 m já se transformará no maior atleta brasileiro em Olimpíadas, pois somará três medalhas (não esqueçam da prata em Barcelona). Os melhores atletas do Brasil, Adhemar Ferreira da Silva, Joaquim Cruz, Guilherme Paraense e Nélson Prudêncio conseguiram no máximo duas. O Fernando 'Xuxa' também pode garantir boas surpresas para o Brasil. Ele é um atleta em ascensão e vem de duas vitórias importantes em piscina longa, na Universíade do Japão e no Pan-Americano da Argentina. O Xuxa tem uma característica psicológica especial, importante para quem vai nadar os 50 m livre. Não acredito no ouro para ele, também por causa do Popov, mas uma outra medalha ele pode conseguir. Acho que ele tem mais chances nos 50 m do que nos 100 m livre, embora possa também surpreender na segunda prova, pois vem crescendo nessa distância a cada competição. O revezamento 4 x 100 m livre é outra prova em que eu levo muita fé. A equipe, com Borges, Xuxa, André Cordeiro e Alexandre Massura tem muita experiência e possui um bom tempo. Mas creio que o ouro fica mesmo com a equipe norte-americana. A disputa será pela prata entre Brasil, Rússia, Alemanha e Austrália. Também há perspectivas de bons resultados nas outras modalidades. Temos chances de final A, com Luís Lima, brasileiro melhor colocado no ranking mundial do 1.500 m livre, no revezamento 4 x 200 m livre e com Rogério Romero nos 200 m costas. Romero, inclusive, é o nosso nadador mais experiente. No feminino, podemos garantir o melhor resultado do Brasil em Olimpíadas com a Gabrielle Rose nos 200 m medley e nos 100 m borboleta. Acho que Rose consegue chegar na final B, mas se ela garantir um lugar na final A, vai ser espetacular. Desde Maria Lenk, há mais de meio século, que não conseguimos resultados expressivos na natação feminina. Como nadador me sinto gratificado com o crescimento da natação brasileira, hoje, uma das poucas certezas de medalha em Atlanta. Se conquistarmos as quatro medalhas esperadas vamos superar a média olímpica do Brasil, que é de apenas 2,4 medalhas por Jogos, ou seja, muito pequena em relação à quantidade de pessoas que praticam esporte. Hoje, excepcionalmente, deixamos de publicar a coluna de Matinas Suzuki Jr. Texto Anterior: Judoca esconde corte de cabelo Próximo Texto: Hoje é o primeiro dia de uma nova era Índice |
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