São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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Pândega; Austeridade aparente; Público e privado; Respeito à vida; Indignação; Engano; Lição de casa; Dúvida; Modernidade

Pândega
"O Brasil é um país de pândegos. O senador-marajá, Darcy Ribeiro, em seu bolodório de 15/7 reivindica a aprovação de sua inutilíssima LDB com a exclusão das mudanças feitas pelos senadores Antônio Carlos Magalhães e Gilvan Borges, ambas corretas.
Diz o marajá que elas '...têm o propósito de liberar o professorado das escolas privadas de qualquer esforço de aprimoramento...'.
E ele, Darcy, que esforço fez na vida além de conseguir um diploma ginasial e três aposentadorias federais?"
José Carlos de Almeida Azevedo, ex-reitor da Universidade de Brasília (Brasília, DF)

Austeridade aparente
"O vereador Bruno Féder diz que usamos de má-fé quando, em artigo, informamos os dados reais do crescimento e pagamento da dívida municipal.
Não conseguindo responder a nossos dados, tergiversa, dizendo que a atual gestão tem superávit por sua austeridade.
O chamado 'superávit' foi conseguido, basicamente, por três motivos: o primeiro foi uma jogada contábil, denunciada pelo próprio Tribunal de Contas do Município, quando o Executivo deixou R$ 600 milhões de restos a pagar de 1995 para 1996; o segundo foi a retirada de R$ 176 milhões da educação; o último foi graças ao bolso do cidadão paulistano, pois o IPTU, entre 1993 e 1996, aumentou cerca de 400%. Portanto, não houve austeridade nenhuma."
Odilon Guedes, vereador pelo PT (São Paulo, SP)

Público e privado
"Não concordo com a opinião da Folha, manifestada em recente editorial, de que a participação do secretário/candidato Celso Pitta nas inaugurações do prefeito Paulo Maluf representa uma confusão entre interesses públicos e privados.
Celso Pitta não é candidato a presidente de uma empresa privada, mas à Prefeitura de São Paulo. Os interesses em jogo são 100% públicos.
Um melhor exemplo do uso da coisa pública para servir fins privados é a proposta dos moradores dos Jardins de pagar quantias extras por policiamento exclusivo.
Essa vigilância seria feita com recursos materiais e humanos já pagos e sustentados pelo erário público.
A idéia seria válida se não fosse escandalosa. Melhor seria propor a extinção da polícia como força pública e/ou sua transformação em polícia privada.
Assim seria consolidada a atual situação, onde os bairros pobres não têm acesso a um policiamento decente e os ricos não precisariam fazer propostas ridículas como essa, que fere o princípio constitucional de igualdade."
Mario Daniel La Gatto (São Paulo, SP)

Nota da Redação - A Folha criticou com veemência a "privatização" da polícia no editorial "Anomia solidária", publicado em 14/7/96.

Respeito à vida
"Na Folha de 16/7, na reportagem 'Doente recebe droga anti-HIV de graça', o dr. David Uip disse que é um 'gesto de boa vontade' os laboratórios distribuírem medicamentos para 300 pacientes.
Vale lembrar que essas mesmas indústrias são responsáveis pela cartelização do preço dos inibidores da protease, inacessíveis para a maioria dos 25 mil doentes de Aids que necessitam tomar antiviral no país.
Os laboratórios deveriam abaixar o preço desses remédios, em respeito à vida das pessoas.
Lucro em cima da Aids tem limite."
Mário Scheffer, diretor-secretário do Grupo pela Valorização, Integração e Dignidade do Doente de Aids de São Paulo (São Paulo, SP)
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"O fulano(a) saiu por aí fazendo uma 'farrinha', pegou Aids, agora quer que nós contribuintes paguemos seu tratamento. Está certo?
Existe uma maneira de nunca se contaminar física e moralmente: chama-se castidade.
Mas essa prática tão pregada por Jesus Cristo, são Paulo e a Igreja Católica está atualmente em desuso."
Romildo Bosquiero (Americana, SP)

Indignação
"Venho manifestar minha indignação em relação ao título do artigo da coluna 'Outro Canal' de 16/7.
Como se atreve alguém a rotular de 'sem esperança' uma criança portadora do vírus HIV?
Será que essa pessoa não sabe que a esperança se resume, apenas, na modesta ambição de poder viver?"
Coralina M. Penido Burnier (Campinas, SP)

Engano
"Creio que o sr. Sérgio Eduardo Vieira Santos enganou-se ao afirmar, em sua carta ('Painel do Leitor', 4/7), que o nome do caricaturista de pseudônimo 'Belmonte' era Benedito Carneiro Belmonte.
De acordo com o livro 'Belmonte -Caricatura dos Tempos', editado em 1982 pela Melhoramentos e pelo Círculo do Livro, o nome do caricaturista 'Belmonte' era Benedito Bastos Barreto, um paulistano nascido em 1896 e falecido em 1947.
Segundo o prólogo desse livro, assinado por Jaguar, Belmonte foi o criador da personagem 'Juca Pato'. Textualmente afirma: 'Criou Juca Pato, tão paulistano quanto o viaduto do Chá'."
Alexandre Forte Rodrigues (São Paulo, SP)

Lição de casa
"O acidente aéreo com o jumbo 747/100, nos Estados Unidos, deveria ser uma lição de casa obrigatória para a polícia de Alagoas. Após a manchete que diz 'EUA suspeitam de ataque ao jumbo', o texto de Carlos Eduardo Lins da Silva é ainda mais inteligente: 'O governo norte-americano trata como acidente a explosão do Boeing, mas investiga a hipótese de atentado'.
O que mostra a lucidez de um trabalho sério e imparcial de investigação, sem conclusões precipitadas. Agora seguem as buscas à caixa-preta da aeronave.
Infelizmente, o colchão e lençóis de PC, que significariam uma caixa-preta para o caso, foram queimados, com a conivência da polícia de Alagoas."
Lucélio de Moraes (Itapetininga, SP)

Dúvida
"Lendo uma nota da Folha do dia 12 de julho, sobre um norte-coreano que atravessou um oceano para fugir do socialismo da Coréia porque estava passando fome e não aguentava mais ver tanta gente morrendo na miséria, eu fiquei me perguntando: se o Lula, a UNE e o arquiteto Oscar Niemeyer dizem que o socialismo é bom, por que tantos países como a Polônia, a ex-Alemanha Oriental e até a própria Rússia, que iniciou o processo socialista, repudiaram esse regime?"
Gilson Batista (São Paulo, SP)

Modernidade
"Fôssemos um povo informado, o governo FHC não resistiria nem mais um dia. Como em nenhuma outra época os PCs estão à solta, reciclados e muito mais refinados.
Travestidas de política econômica, as falcatruas de hoje têm a marca da modernidade."
Oswaldo Gonçalves Correa Junior (Guarulhos, SP)

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