São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996 |
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'Não tinha mais força e arrebentou por dentro'
MARIO CESAR CARVALHO
Em 5 de dezembro do ano passado, morreu de rotura uterina, insuficiência de múltiplos órgãos e broncopneumonia. Tinha 30 anos. Ninguém sabia dos males de Do Carmo, como era chamada, porque ela não fez pré-natal. "Não dava tempo. Ela tinha de trabalhar na faxina de dia para as crianças terem o que comer de noite", conta Teresa Batista, 60, a mãe de criação da vítima. Some-se à pobreza uma boa dose de machismo. Segundo vizinhos, Do Carmo começou a reclamar de dores por volta das 11h. Seu marido, só foi levá-la ao pronto-socorro às 19h. "Ela gritava, coitada, e ele ficava deitado na cama. Uma hora ela desmaiou, ele jogou um balde de água nela e aí foram para o pronto-socorro. Não sei por que não foram me chamar", diz Teresa. Perceberam que o caso era de alto risco e levaram-na ao hospital regional. "Ela não tinha mais força, mas não fizeram cesariana. O bebê nasceu de parto normal e estourou tudo por dentro. Tomou sangue, mas não adiantou", relata a irmã Ângela Maria Cupertino. Rodrigo, 7 meses, forma o degrau de baixo de uma escadinha de quatro órfãos, criados por Ângela: Sami Devit, 5, Áurea Catarina, 4, e Bruno, 2. O marido de Ângela, Marcos de Arruda, 40, acha que houve "negligência médica": "Não sabiam que ela fez três cesáreas, forçaram o parto normal e arrebentaram ela". A direção do hospital diz que ela chegou com a cicatriz da cesárea já aberta. (MCC) Texto Anterior: Mortalidade materna cresce em S. Paulo Próximo Texto: Estudo divulga dado errado Índice |
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