São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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Lojas lucram mais no financiamento

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O crediário nunca foi tão lucrativo para as lojas de eletroeletrônicos como hoje.
Lojas Cem, Ponto Frio, Magazine Luiza e Paraiso chegam a registrar na venda a prazo lucro até 80% maior do que nos negócios à vista.
Não é à toa que pelo menos 70% do faturamento delas vêm do crediário. A margem de lucro líquida que varia de 2% a 5% sobre a venda à vista chega a 9% no crediário.
"Para quem tem capital é um ótimo negócio vender a prazo", diz Natale Dalla Vecchia, diretor da Lojas Cem.
A Lojas Cem é um exemplo de empresa que consegue margem de lucro líquida de 9% no crediário.
Financiar o cliente -que paga juros de 6,5% ao mês-, diz Dalla Vecchia, rende mais do que aplicar em CDB, cuja taxa é menor do que 2% ao mês.
"Além disso, não pagamos mais do que 3% de juros ao mês para os fornecedores. Assim, sobra mais dinheiro no caixa."
O Ponto Frio informa que a margem de lucro líquida sobre venda a prazo é de 3% ou 50% maior do que nos negócios à vista -de 2%.
"Quase não se ganha dinheiro com os pagamentos no ato da compra. A competição é forte e as margens apertadas. É o crediário que traz dinheiro para o caixa da empresa", diz Albert Arar, diretor.
A venda a prazo, que se estende até 18 meses, representa cerca de 75% do faturamento do Ponto Frio -estimado em R$ 2,1 bilhões para este ano.
Arar, assim como Dalla Vecchia, lembra, para explicar o lucro no crediário, que cobra do cliente entre 6% e 7% de juros ao mês e consegue captar recursos no mercado pagando menos de 2% ao mês.
No Magazine Luiza, a margem de lucro líquida sobre a venda financiada chega a 5,4% -80% maior do que na venda à vista (3%).
"O ganho da loja está mesmo no crediário", diz Onofre de Paula Trajano, diretor da MTG, holding que controla o Magazine Luiza.
Ele lembra que o crediário já representou 85% do faturamento da empresa na década de 70 e pode chegar novamente a esse percentual à medida que as taxas de juros caírem.
Trajano diz que as lojas de eletroeletrônicos vivem hoje a melhor fase para obtenção de lucro no crediário. "Antes do Real, o ganho era pequeno por causa da alta inflação."
Alexandre Pinto, diretor da Paraiso, diz que o crediário também se tornou bastante rentável porque o volume de vendas dobrou após o Real. Para a empresa, o salto foi de R$ 95 milhões (em 1994) para R$ 172 milhões no ano passado.
Na Paraiso, a margem de lucro líquida sobre a venda a prazo varia de 4,5% a 5% -cerca de 67% maior do que na venda à vista, de 3%.

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