São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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O risco de ser favorito

MARIO JORGE LOBO ZAGALLO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A seleção brasileira tem que tomar cuidado com a questão do favoritismo na Olimpíada.
Em Atlanta, só há uma medalha de ouro já decidida: a da seleção americana masculina de basquete.
A seleção brasileira de futebol não é a favorita, mas uma grande candidata ao título.
Acredito que podemos vencer, mas não se pode conquistar uma medalha de ouro antecipadamente.
Temos que aprender com outros exemplos. Em 92, o ucraniano Serguei Bubka era favorito e perdeu o salto com vara na Olimpíada.
Achou que seria fácil. É impossível melhor exemplo do que não se deve fazer. Ele batia recordes a cada dois minutos. Bubka achou que era a hora de ganhar o ouro e esnobou. Ele próprio se derrotou.
A nossa mentalidade é diferente. Nossas palavras-chave são "união", "superação", "equilíbrio" e "maturidade". Com as primeiras letras, se forma a palavra "usem".
O Brasil vai mostrar na Olimpíada de Atlanta um futebol diferente do que jogou na Copa do Mundo de 94.
São jogadores diferentes, tática diferente. Agora, temos um futebol mais alegre, solto, ofensivo, revivendo as Copas de 58, 62 e 70.
Para mim, é uma alegria participar da minha primeira Olimpíada. Em 52, assinei contrato de jogador profissional e perdi a chance de participar, porque os Jogos eram só para atletas amadores.
Agora, surgiu uma oportunidade, graças ao doutor Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol.
Ele deu importância que nunca houve no Brasil à Olimpíada, formando uma seleção com a mesma comissão técnica da equipe principal.
Milhões de pessoas gostariam de estar no nosso lugar. Estamos muito alegres por representar o verde-amarelo.
Em outros esportes, há potências como Estados Unidos, Rússia e Alemanha.
Nós vamos melhorando cada vez mais. Temos chance de ser prata ou bronze no basquete masculino. No basquete feminino, no vôlei, no judô e em outros esportes também podemos ganhar medalha.
No futebol a realidade é diferente: o Brasil é uma potência, é tetracampeão mundial.
Não há como ser diferente a nossa situação geral. De onde saem os grandes campeões americanos do atletismo? Das faculdades.
Qual é a condição da educação no Brasil? Se o pobre não estuda, como vamos igualar Alemanha, Rússia e Estados Unidos?

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