São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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"Brass Band" toca Jobim no Memorial

ANA CRISTINA PORCELLI PESSINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A banda inglesa de metais da universidade de Salford se apresenta hoje, no Memorial da América Latina. Esta é a segunda vez que o grupo, formado por 34 jovens, de, em média, 19 anos, vem ao Brasil.
A primeira visita ao país, feita a convite do Consulado Britânico, ocorreu entre dezembro de 1995 e janeiro deste ano, período em que foi gravado o CD "Som Metal Brasil-Inglaterra", em comemoração aos 60 anos da Cultura Inglesa.
A Salford University Brass Band ocupa hoje um lugar de destaque entre as bandas européias do gênero. Ao todo são 360 alunos, que formam quatro bandas maiores e outras menores. A que se apresenta no Brasil é a principal delas.
Todos os anos um terço dos estudantes, ao se tornarem músicos profissionais, se despedem do grupo dando lugar a novos talentos. O destaque da atual formação é Sheona White. Ela é uma das três finalistas da edição 96 do "Young Musician of the Year", promovido pela rede de rádio inglesa BBC.
Se vencer o concurso, a soprano assinará um contrato para apresentações durante o ano ao lado da BBC Orchestra.
Revolução Musical
A Revolução Industrial inglesa gerou uma demanda de inovações tecnológicas. Segundo o maestro da Salford, o australiano David King, uma dessas invenções, a válvula, foi um marco na concepção dos instrumentos de sopro.
As primeiras "brass bands" inglesas teriam começado a se formar no século passado, em cidades do norte do país, como Salford.
"A origem operária das 'brass bands' fez com que elas fossem vistas no meio erudito como orquestras de segunda classe", diz King.
Ele também conta que, até 1928, não havia um repertório específico para as bandas de metais, que eram obrigadas a fazer versões de músicas clássicas e populares já consagradas.
Isso, por outro lado, teria feito com que compositores como Verdi e Tchaikovsky passassem a ser conhecidos do grande público, que, na época, não tinha condições de frequentar refinados recitais.
Para ele, o período mais criativo das 'brass bands' foi entre 1928 e 1936, quando surgiram grandes nomes como Holst, Bliss, Elgar e Ireland, entre outros.
Desde então, "a melhor característica das 'brass' (e a maior dificuldade para os músicos) tem sido a versatilidade do repertório. A música brasileira, por exemplo, nos ensinou muito sobre como tocar com espontaneidade ", afirma King.
No show do Memorial, a Salford apresentará composições de Stravinsky, Harry James, Edmundo Villani Cortes, Leonard Bernstein, J. Rodrigo, Phillip Sparke, Verdi e Tchaikovsky, além de uma seleção especial com músicas de Tom Jobim.
(ACPP)

Show: Salford University Brass Band
Onde: Memorial da América Latina, Auditório Simon Bolívar (av. Mário de Andrade, 664, Barra Funda, região oeste da cidade de São Paulo, tel. 823-9611)
Quando: Hoje (21), às 17h
Quanto: R$ 5,00

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