São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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"Tribobó City" diverte com faroeste ingênuo

Peça não desafia o repertório do público pré-adolescente

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

"Tribobó City" movimenta o Centrinho Cultural São Paulo com história cheia de alvoroço, ameaças de morte e corrupção.
A peça é dirigida a crianças entre 10 e 12 anos. Pretende atrair os pré-adolescentes com enredo repleto de peripécias e curiosas inserções de sapateado, cancã, cenas circenses e cinematográficas, em referência ao Velho Oeste americano.
André Garolli dirige bem as confusões. O grupo de atores é grande, e o ritmo, intenso.
No Saloon, o Juiz Pianista Surdo-Mudo (Alberto Chame Dwek) e a Caixa Registradora (Tarsila Moysés) ouvem conversas de malandros que desejam enriquecer.
A missão principal dos heróis é salvar a mocinha sequestrada (Rhena de Faria), que estudou "confortologia" nos EUA e volta a Tribobó para construir a sonhada estação ferroviária Tribobó-Niterói.
Mocinho de Sousa (Élcio Rodrigues), depois de sofrer as amarguras que todo herói sofre antes de vencer, salva a garota e prende os bandidos, com a ajuda de El Mexicano (Pepe Ramirez).
As cenas de luta são divertidas, mas a história é ingênua. O anacronismo transparece. Além de fora de época, diálogos sobre a integridade do prefeito, do advogado protetor dos fortes, ou a demora em nomear Mocinho como xerife -por culpa da burocracia- possivelmente não são compreendidos pelo público.
A sensação é a de que o texto de "Tribobó City", de Maria Clara Machado, fundadora do Tablado em 1953, não toca em assuntos do repertório infantil hoje.
Outros trabalhos da dramaturga, como "A Cola" ou "Aula de Inglês", talvez provocassem impacto e despertassem interesses que ultrapassam a esfera da pura diversão.
Pergunte a um menino esperto o que ele prefere, brincar com o CD-ROM "Casseta e Planeta" ou assistir ao teatro de Tribobó. Os produtores de cultura para crianças deveriam ter em mente desafiar esse gosto.

Peça: Tribobó City
Direção: André Garolli
Elenco: Élcio Rodrigues, Fabio Torres, Helena Morais, Kelly Alonso, Rhena de Faria, Wagner Menegare, Vanise Peixoto e outros
Onde: Centrinho Cultural do Centro Cultural São Paulo (rua Vergueiro, 1.000, tel. 277-3611)
Quando: Sábados e domingos, às 16h
Quanto: R$ 5,50

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