São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996 |
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No Brasil, casamento caiu 24%
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
O recorde nacional é de 1986. No embalo fugaz do Cruzado, os cartórios registraram 1.007.474 de uniões naquele ano. O sucesso do plano econômico durou pouco e a disposição dos noivos também. O último compilamento concluído pelo IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é de 1994. O número de casamentos, comparado com o de 19 anos antes, sofreu uma queda significativa e chegou a 763.129. A tendência antimatrimonial é ainda mais forte se for levado em conta o crescimento da população. Em 1986, para cada grupo de mil brasileiros, havia 7,48 casamentos. Quase 20 anos depois essa relação há havia diminuído para 4,96 por mil. Ou seja, a taxa de nupcialidade foi reduzida em um terço. Idade média Além disso, a tendência no Brasil, como nos EUA, é as pessoas demorarem mais para se casar. A idade média dos noivos aumentou entre 90 e 94: de 23 anos para 23,6 anos entre mulheres, e de 26,4 anos para 27,1 anos entre homens. A crise quantitativa do matrimônio explica-se, ao menos em parte, por uma mudança qualitativa no comportamento dos enamorados. Segundo o demógrafo Juarez de Castro Oliveira, do IBGE, enquanto diminuiu o número de casamentos, aumentou a proporção de uniões consensuais. Mais e mais casais têm optado por viver juntos, mas sem formalizar a união. Vários fatores podem ser apontados como responsáveis por essa tendência, a exemplo da crescente independência econômica feminina. Mas, nas regiões mais pobres do país, a causa é outra: casar "de papel passado" ainda é caro. Não é à toa que o número de uniões consensuais, se analisadas sob um ponto de vista geográfico, é proporcionalmente maior nos Estados do Norte, especialmente os de fronteira, como Roraima e Amapá, onde a presença do Estado ainda é pequena. Texto Anterior: Homem cria filho sozinho Próximo Texto: Mulheres preferem Clinton a Bob Dole Índice |
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