São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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A vez dos jovens

CELSO FIORAVANTE

A Bienal Internacional de São Paulo não está sozinha este ano. Simultaneamente ao maior evento latino-americano das artes, acontece, a partir de 27 de setembro, a coletiva dos artistas selecionados pelo projeto "Antarctica Artes com a Folha".
"O projeto não pretende preencher um espaço vago deixado pela Bienal, mas sim complementá-la", disse Isabella Prata, responsável pela curadoria do projeto.
O "Antarctica Artes com a Folha" foi lançado em fevereiro deste ano. Seu objetivo é varrer o país à procura de artistas emergentes, sempre com menos de 32 anos, quesito obrigatório na exposição.
São cerca de 40 artistas selecionados pelos curadores Lisette Lagnado, Nelson Brissac Peixoto, Tadeu Jungle, Lorenzo Mammi e Stella Teixeira de Barros e seus cinco assistentes.
O número de artistas -que pode crescer e chegar a 60- ainda é pequeno, se comparado ao número de ateliês visitados -cerca de mil- em todos os Estados do país.
O projeto segue o caminho proposto pelo curador Achille Bonito Oliva com seu "Aperto", na Bienal de Veneza, que reuniu os mais importantes artistas emergentes e deu novo sopro de vida à manifestação italiana. Bonito Olivo é hoje um dos curadores da seção "Universalis" na Bienal de São Paulo.
Segundo Isabella Prata, o fato de o "Antarctica Artes com a Folha" preocupar-se apenas com a descoberta do artista e com a viabilização de uma exposição não enfraquece sua importância para a arte brasileira contemporânea.
"O que ficou muito pesado para o projeto foi o fato de ninguém estar atuando nesta área. Enquanto a Antarctica e a Folha estão fazendo esta mostra, uma outra empresa deveria estar promovendo um prêmio de incentivo, outra daria bolsas de estudo, outra promoveria cursos, outra investiria em escolas..."
Segundo Isabella, o objetivo do projeto é viajar pelo Brasil inteiro e fazer um mapeamento das artes. "Este mapeamento é um fato, está repercutindo e já mudou a história. O Brasil passou a ser visto de uma maneira maior", disse.
Esse "Brasil maior", ao qual Isabella Prata se refere, não significa, porém, que o território das artes passou por uma reforma geopolítica. O eixo continua sendo Rio-São Paulo, mas foi preciso viajar para saber que ele está "desbussolado".
"Definitivamente não estamos falando apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Mesmo que o projeto selecione artistas que já fizeram exposições e até sejam conhecidos, o projeto vai revelar muitos artistas importantes neste país e que nunca foram observados, apesar de estarem tratando de temas semelhantes, no mesmo nível de apuração e com a mesma consciência na realização do trabalho", disse.
Outro desafio do projeto será reunir todos esses artistas sob um mesmo teto, em uma mostra que revele sua principal característica: a importância de uma curadoria.
"Uma coisa que temos discutido muito são as fronteiras nas artes visuais. Hoje, quando o artista vai desenvolver uma idéia, ele usa todos os artifícios possíveis para fazer com que aquela idéia tenha um resultado rico para ele e para o público. Eu acredito que hoje não existam mais fronteiras. Acho que 'arte visual' seria o nome mais indicado para todas as artes."
É possível obter mais informações sobre o "Antarctica Artes com a Folha" pela caixa postal 2403, CEP 01060-970, São Paulo. Também é possível ter acesso ao projeto por meio da Internet (home page www.totalnet.com.br/artes/antarctica.folha ou pelo e-mail antarctica.folha@totalnet.com.br).

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