São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cem mil mulheres disputam a eleição

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo menos 100 mil mulheres deverão concorrer às eleições municipais de 1996.
O número estimado de candidatos homens é de 500 mil.
Nas eleições de 1994 para a Presidência da República, governos estaduais, Câmara e Senado, havia 869 mulheres candidatas contra 11.900 homens.
O crescimento proporcional no número de candidatas do sexo feminino em 1996 só foi possível graças à lei 9.100.
Essa lei obrigou os partidos políticos a reservar uma cota mínima de 20% das candidaturas para mulheres.
Desigualdade
Apesar de, no Brasil, as mulheres viverem mais tempo e terem praticamente a mesma escolaridade que os homens, a desigualdade de rendimentos e participação política ainda é muito grande.
As mulheres brasileiras ocupam apenas 70 das 257 cadeiras do Congresso Nacional -equivalente a 7,1% do total.
Em países como Suécia e Noruega, elas são pelo menos 39% dos parlamentares.
Nos cargos executivos, o sexo feminino também está em desvantagem: dos 4.973 municípios brasileiros, apenas 171 são ocupados por prefeitas.
Levantamento feito pelo Unifem (Fundo das Nações Unidas para a Mulher) concluiu que as mulheres brasileiras ocupam apenas 13,1% de todos os cargos políticos do país.
Na esfera ministerial, a participação feminina é ainda menos expressiva: 3,6%.
Controvérsia
A exigência legal de que os partidos políticos destinem 20% de suas candidaturas às mulheres causou polêmica, e sua eficácia ainda é questionada.
Os opositores afirmam que o mecanismo é artificial e não vai mudar o perfil da distribuição de vagas entre homens e mulheres no Congresso.
Já os defensores da lei 9.100 argumentam que em todos os países onde há sistemas de cotas -também conhecidos como programas de ação afirmativa- houve aumento substancial da participação das mulheres na política.
O exemplo da Argentina é usado com frequência. Em 1990, as mulheres ocupavam apenas 7 das 256 vagas no Parlamento.
Em 1991, o país aprovou lei que determinava que 30% das candidaturas fossem destinadas a mulheres.
O resultado foi sentido já no mandato seguinte, quando 27 vagas do Congresso passaram a ser ocupadas por mulheres.
Hoje, as congressistas já chegam a 70 das 257 vagas do Parlamento argentino.

Texto Anterior: Rossi e Serra trocam farpas na feira
Próximo Texto: Mulheres na política
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.