São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
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Sociólogo prevê fim de ciclo capitalista

Sintoma é a expansão dos EUA, diz Arrighi

DA REDAÇÃO

A recente expansão financeira dos EUA indica o "começo do fim" de um ciclo do capitalismo, na opinião do sociólogo italiano Giovanni Arrighi, que participou de palestra na Folha.
A constatação é tema de seu livro "O Longo Século 20 - Dinheiro, Poder e as Origens do Nosso Tempo", que foi lançado no Brasil pela editora Unesp/Contraponto.
Arrighi debateu o assunto na Folha com o economista e professor titular da Faculdade de Economia e Administração da USP, Paul Singer, e com Norman Gall, diretor do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial.
O século 20 de Arrighi é composto de três fases. A primeira é a expansão financeira do fim do século 19, no momento em que a estrutura do capitalismo britânico pós-industrial dá lugar ao que ele chama de "novo regime norte-americano". A segunda abrange a expansão comercial dos anos 50 e 60, já com os EUA à frente. A terceira é a atual expansão financeira decorrente da anterior.
"'O Longo Século 20' é o ciclo norte-americano do capitalismo, a expansão financeira que substituiu o capitalismo britânico e passou a comandar o período de máxima expansão do comércio", explicou o sociólogo no debate.
Para Arrighi, seu trabalho é um exercício de reconstrução histórica da expansão do capitalismo, exercício este que lhe serve de instrumento para analisar as novas tendências do capitalismo e as teorias que surgem para tratar de questões emergentes.
Braudel
O nome "O Longo Século 20" foi inspirado no historiador francês Fernand Braudel, que em sua obra "Civilização Material, Economia e Capitalismo" já utilizara o conceito de "longo século 16".
Braudel é referência constante no trabalho de Arrighi, que trouxe da obra do historiador a idéia de que o capitalismo vive ciclos recorrentes.
"Se você toma o estilo braudeliano de longa visão dos fatos, você os vê como fenômenos recorrentes", disse Arrighi durante o debate.
"É uma forma de olhar os acontecimentos presentes não como algo novo, mas como algo com precedentes."

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