São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
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Motorista pede placa para driblar rodízio

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Na tentativa de driblar o rodízio, os paulistanos que compram carros novos estão escolhendo a dedo o final da placa.
Eles pedem ao Detran (Departamento Estadual de Trânsito) números que não coincidam com o dos carros que já têm.
Também evitam finais seguidos, que possam ser proibidos de circular no mesmo dia.
O Sindicato dos Despachantes de São Paulo estima que 40% dos compradores estejam hoje escolhendo o número.
"Antes isso era raro, as pessoas pediam coisas excêntricas, como a data do aniversário ou todos os algarismos iguais", conta Adílson Amadeo, presidente do sindicato.
Um exemplo: quem já tem um carro com final 5 evita na nova placa o próprio número e o 6, que também será proibido de circular às quartas-feiras.
Mudança de critério
Segundo o gerente de vendas Eduardo Baronian, da concessionária Vimave do Pacaembu (zona oeste), a preocupação com adequar o final ao rodízio vem desde o ano passado, mas se intensificou nos últimos meses.
"Hoje, metade de nossos clientes escolhe o final", conta o gerente Baronian.
Renato Celso Guimarães Ometti, gerente-geral da Mari Sul (zona sul), diz que 1 em cada 3 clientes da concessionária tem se preocupado com o final.
Ele diz que se trata de um cuidado novo, porque o comprador costuma usar outros critérios ao insistir em uma placa.
"Alguns evitam o 4, por considerar o número da morte", diz. "Outros não querem um número que tenha dado azar em outro carro ou escolhem um que deu sorte", afirma.
Quem se preocupou antes do tempo pode ficar a pé no rodízio.
O vendedor Ismael Gonçalves Batista tinha um Gol com final 3 quando comprou um carro novo, no ano passado.
Imaginando que a divisão seria entre pares e ímpares, pediu uma placa terminada em 4.
Resultado: agora, não poderá circular com os dois carros nas terças-feiras de agosto, quando os dois finais estarão sujeitos a multa de R$ 100 se rodarem.
"Quis ser prevenido e acabei me precipitando", avalia Ismael Batista.
Pedido gratuito
O Detran não notou aumento no número de pedidos especiais para números de placas, segundo sua assessoria de imprensa.
Mas informa que o processo é simples e não custa nada. Basta fazer um requerimento de número, que sempre é atendido, exceto nos casos em que a placa não esteja disponível.
Segundo Renato Ometti, da Mari Sul, a escolha da placa em geral aumenta o tempo de espera pela liberação dos documentos.
"O usual é dobrar a demora", estima Ometti (leia texto nesta página)

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