São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
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Carlinhos Brown lança disco solo com show em Salvador

LUIZ CAVERSAN
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

"O povão queria cachaça, e ele serviu champanhe."
Esse comentário de uma espectadora resume, pelo menos em grande parte, o que foi o primeiro show brasileiro do lançamento do disco solo de Carlinhos Brown.
Depois de ter sido mostrado mês passado na França, o show aconteceu sábado em Salvador, cidade em que Brown é hoje o grande astro pop. Foi realizado no estacionamento de um supermercado da cidade e teve contornos de festa popular.
No caso da Bahia, de Carnaval.
E como Brown tem toda a sua popularidade calcada no som dos tambores da Timbalada, era isso que o povão esperava: Carnaval. Mas não teve, pelo menos como queria.
O show, patrocinado por um supermercado, foi visto por uma multidão, entre 10 mil e 20 mil pessoas (ninguém sabia ao certo porque não houve controle rígido na entrada, e centenas de pessoas assistiram ao espetáculo da rua mesmo).
Uma superprodução para padrões baianos e mesmo brasileiros: banda com 20 músicos, grande aparato de som e luz, cenários e figurinos reunindo os conceitos de Gringo Cardia e a estética rude da grife Será o Benedito, telões etc.
A festa só não foi maior porque o músico baiano fez questão de servir seu biscoito fino, quando a maioria queria mais era chacoalhar ao som de refrões bem conhecidos.
Ele mostrou principalmente as composições do disco "Alfagamabetizado", abrindo mão do apelo fácil dos hits de outros carnavais. Só cedeu no fim do show.
Apesar disso, levantou totalmente a galera com o megassucesso "Uma Brasileira", parceria dele com Herbert Vianna, e contagiou quase todos com músicas mais animadas do próprio disco, como "Quixabeira", "O Bode" ou "A Namorada".
Brown deixou claro para o público que não queria fazer Carnaval, que aquele era o seu novo trabalho e que iria mostrá-lo da melhor maneira possível. Se não convenceu a todos, encontrou ótima receptividade da maioria.
Além do repertório um tanto hermético, Brown teve contra si problemas de som, que o fizeram parar o show uma vez e ficar irritado muitas outras.
Os problemas eram mais notados quando Brown cantava com poucos instrumentos, ou só com violão (caso do clássico "Manhã de Carnaval"), o que é sempre temerário em shows para multidões, ainda mais no caso de um cantor com voz reconhecidamente limitada.
Mas, como estréia, foi ótimo, e até os viciados em axé-music, embora um pouco frustrados, voltaram para casa felizes.

O jornalista Luiz Caversan viajou a convite da gravadora EMI.

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