São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
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Novo medicamento para tratar Aids chega ao Brasil

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A terapia combinada, com o uso de dois ou três remédios simultâneos, para o tratamento da Aids deve ser considerada "um avanço", mas não pode ser confundida com a cura da doença, advertiu o médico David Uip.
"Falar em cura é loucura", disse Uip, que é especialista do Hospital das Clínicas de São Paulo. Uip participou de simpósio promovido no sábado, no Rio, pelo laboratório GlaxoWellcome.
O simpósio marcou o lançamento no Brasil do remédio Epivir, nome comercial dado pela empresa à substância lamivudina, ou 3TC.
O 3TC, combinado com o AZT, tem apresentado resultados considerados auspiciosos no tratamento de doentes de Aids. O preço do remédio, segundo o laboratório, será de R$ 184,00 o frasco com 60 comprimidos.
O 3TC e o AZT, combinados com uma substância inibidora da protease (enzima que participa do ciclo de reprodução do vírus HIV) estão apresentando resultados ainda mais animadores.
Em conferência realizada este mês em Vancouver (Canadá), os médicos norte-americanos David Ho e Martin Markowitz apresentaram o resultado de uma pesquisa na qual o HIV foi totalmente eliminado de nove pacientes recém-contaminados, com uso do coquetel triplo de remédios.
David Uip disse que é necessário ter o devido cuidado com o resultado dessa pesquisa. "Dificilmente se sabe quando o indivíduo foi contaminado, e esse método não serve de análise para o resto."
Ele advertiu também que pode surgir uma resistência do HIV às várias combinações de drogas possíveis, como já ocorreu com outros tipos de tratamento.
Uip disse ainda que não se pode dar ao doente a ilusão de que chegou a cura nem ao sadio a ilusão de que a doença acabou.
Tuberculose
Para Roberto Badaró, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Infectologia, a Aids estará controlada, não curada, até o final deste século, com a terapia combinada.

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