São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996 |
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Plástica para auto-estima?
ROSELY SAYÃO
É, perder a infância não é mesmo fácil. Isso significa deixar para trás o paraíso, a ilusão do corpo perfeito. Mesmo não sendo perfeito, mamãe o tornava assim. Agora o corpo muda, se torna um desconhecido para você. E nem sempre vai ficando como você queria. Está certo que o corpo de alguns parece que enlouquece: cresce tanto peito que a coluna reclama. A orelha, então, parece que tem problemas de identidade e queria ser um abano. A solução para esses? A plástica, sem dúvida. Podendo, é um santo remédio. Mas e para você que sofre por ter na cabeça um corpo ideal que não combina com o seu? O Chico Buarque dá um grande toque quando diz, na Ciranda da Bailarina: "Procurando bem, todo mundo tem pereba, marca de bexiga ou vacina, e tem piriri, tem lombriga, tem ameba, só a bailarina é que não tem." Não sendo a tal bailarina, será que se você fizesse a cirurgia seria mais feliz? Conseguiria arrumar um namorado ou namorada, perderia essa inibição, a timidez, mudaria totalmente? Ilusão total. Você poderia descobrir, depois da cirurgia, que a correção deveria ter acontecido em outro lugar. Senhores cirurgiões, quando teremos plástica para a auto-estima? Essa é a palavra chave: auto-estima. Você joga em um "defeitinho" qualquer do corpo, que todo mundo tem, toda a dificuldade em se aceitar como é ou em como está se tornando. Cirurgia nenhuma resolve isso! Claro que existem as vaidades, os corpos (quase) perfeitos dos modelos. Seja você mesmo. Aceite suas diferenças e aprenda a tirar vantagens delas. Crie seu próprio estilo, sua beleza. Ou você quer ser gente feita em série? Texto Anterior: "Eu sinto que tirei um peso" Próximo Texto: Novo visual trouxe mais segurança Índice |
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