São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
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Jornalistas burlam sistema de segurança do JFK

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DE PARIS

Dois radialistas franceses comprovaram, sábado à noite, as falhas de segurança do Aeroporto John Fiztgerald Kennedy, em Nova York.
Eles conseguiram entrar em uma sala de embarque da zona internacional sem sofrer nenhum tipo de controle -e tiveram, portanto, o mesmo tipo de facilidade que um terrorista teria.
Foi do aeroporto JFK que decolou, na quarta-feira à noite, o vôo 800 da TWA que explodiu.
Os dois jornalistas tentavam encontrar as famílias das vítimas francesas do acidente que chegaram sábado a Nova York.
Eles entraram pela porta de saída, pelo saguão onde os passageiros pegam suas bagagens.
"Nós simplesmente fomos andando contra a corrente dos passageiros que saíam", contou Christophe Hondelatte, da Rádio France-Info. O outro jornalista francês que conseguiu burlar o sistema de segurança é da rádio France-International.
"Quando os passageiros que estavam saindo abriam uma porta nós entrávamos discretamente. E assim fomos indo de sala em sala, até chegarmos à sala internacional, que é a sala de embarque, a última antes de os passageiros entrarem nos aviões", disse Hondelatte.
"Nós estávamos na porta do avião sem ter passado por nenhum controle, por nenhuma barreira de segurança. E sem que nossos gravadores, pois estávamos com nossos gravadores de reportagem conosco, tenham sido verificados ou passados pelas máquinas de radiografia", explicou.
Duas salas
Ele contou que para chegar até a sala de embarque, pelo "caminho inverso", foi preciso passar por duas portas. Elas estavam controladas por guardas, que estavam mais preocupados com quem saía das salas e não perceberam os jornalistas.
Hondelatte disse que na sala de embarque há apenas uma recepcionista, encarregada de recolher os cartões de embarque dos passageiros.
"Atrás dela está a passarela para o avião", contou o jornalista.
"Os passageiros que estão na sala de embarque já passaram por um certo número de controle de segurança, e, nesse momento, não há muito mais a fazer do que subir no avião. Não há mais nenhum controle nesse ponto", afirmou Hondelatte.
A brecha no sistema de segurança ocorreu no Terminal 5 do Aeroporto Kennedy, utilizado pela empresa TWA.
Ontem, os jornalistas tiveram de explicar à direção do aeroporto como burlaram a segurança.
"Eles ficaram visivelmente constrangidos com o fato de que nós tenhamos entrado no coração do aeroporto sem sofrer qualquer controle apenas três dias após a catástrofe", afirmou Hondelatte.

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