São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
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Família real ajuda a popularizar esporte

CLÁUDIA PIRES
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil tem projeto para construir mais 30 campos de golfe nos próximos dois anos e popularizar o esporte no país, segundo informação de Eudes de Orleans e Bragança, 56, presidente da Confederação Brasileira de Golf (CBG).
Atualmente, o Brasil tem 65 campos de golfe, grande parte concentrada nas regiões Sudeste e Sul. "O Brasil está acordando para o golfe, mas está atrasado. Deve ser o último país do mundo a acordar para o esporte", diz o presidente.
Segundo Bragança, o golfe é um esporte importante para o desenvolvimento do turismo brasileiro. "É o tipo de atividade que atrai mais turistas estrangeiros. Esses turistas gastam mais, gerando mais divisas para o país", diz ele.
Para popularizar o esporte, a CBG quer incentivar a construção de campos públicos, comuns em outros países. "Os EUA, por exemplo, constroem mais de 400 campos por ano. Lá existem cerca de 8.000 campos públicos."
Em um campo público, o jogador não precisa ser sócio para poder praticar. Segundo Bragança, o esporte no Brasil ainda é praticado apenas por uma "elite" que frequenta os clubes. "A maioria dos clubes exige que o jogador se associe para poder jogar. As opções fora disso ainda são poucas."
Turismo
O turismo é a maior indústria no mundo e, no Brasil, sempre foi deixada para segundo plano, afirma o presidente da CBG.
"Os europeus e norte-americanos fogem de seus invernos nas costas brasileiras."
Segundo Bragança, existem cinco projetos para construção de campos na região Nordeste.
"As redes internacionais que pretendem investir na construção de resorts no país não devem descartar a construção das pistas de golfe. O turista que joga golfe gasta, em média, oito vezes mais que qualquer outro", diz ele.
Campos públicos
A CBG afirma ter dois projetos de campos públicos já aprovados. Os dois primeiros, em conjunto com a Prefeitura de São José dos Campos, já estão em andamento.
O outro campo será construído em Curitiba e também vai pertencer à prefeitura. Os três devem ser entregues em dois anos.
"O campo, além de servir para a prática do esporte, preserva a área verde em que se encontra."
Para Bragança, o golfe não pode ser considerado um esporte caro. "É mais barato que o tênis, por exemplo. Dá para comprar tacos de segunda mão e começar a jogar com US$ 200. Um jogador de tênis precisa, no mínimo, de quatro raquetes por ano, o que custa bem mais que isso."
Iniciativas As redes hoteleiras brasileiras e internacionais com planos de expansão estão começando a apostar na construção de campos de golfe.
A rede Caesar Park, por exemplo, construiu recentemente um campo em seu resort no Espírito Santo e planeja a construção de outro em Recife (PE).
"O Transamérica de Comandatuba também deve construir um campo. É só o que falta por lá", afirma o presidente da CBG.
A assessoria da rede confirma a informação. Embora o projeto ainda não esteja detalhado, a construção de um campo de golfe deve ser o próximo passo na expansão das atividades do hotel. Em São Paulo, o hotel Transamérica já inaugurou um minigolfe.
Bragança cita também as iniciativas de pequenos grupos em várias regiões do país. Na Zona Franca de Manaus, 70 funcionários construíram um campo com nove buracos. "São todos japoneses, que apreciam muito o esporte."
Segundo ele, o japonês é o turista que mais viaja para jogar golfe no mundo. "É muito caro jogar golfe no Japão. O país tem 20 milhões de praticantes e apenas 2.000 campos. Um dia de jogo pode custar até US$ 400."
Perfil
Eudes de Orleans e Bragança descende da família imperial brasileira. Ele é presidente da CBG desde abril de 95 e foi eleito para um gestão de dois anos.
Mesmo tendo o golfe como uma tradição familiar, diz praticá-lo apenas desde 1980. "Antes, jogava apenas tênis."
Ele é casado e tem seis filhos. Todos são adeptos do esporte. O filho mais novo, Guy, 10, está no "Guiness Book", o livro dos recordes, por ser o jogador mais novo a fazer uma tacada de 110 metros e acertar o buraco na primeira tentativa.

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