São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
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Esporte é prazer e negócio

CHRISTOPHER PICKARD
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando o tenista norte-americano MaliVai Washington deixou a Quadra Central de Wimbledon, após perder para o holandês Richard Krajicek, o fez de cabeça erguida.
"Por duas semanas eu fui o segundo melhor jogador do mundo", disse com orgulho.
Ontem, em Lytham St. Annes (Inglaterra) um homem descobriu que foi o melhor golfista do mundo por uma semana.
Ele venceu o British Open, o mais tradicional dos grandes torneios de golfe do mundo.
Pode ser que o vitorioso não seja nenhuma surpresa. Um Nick Faldo, um Greg Norman, um Nick Price, ou qualquer um dos 10 ou 15 outros integrantes da elite mundial do esporte.
O vencedor pode ser ainda da velha guarda. Uma vitória de Jack Nickalus, naquela que pode ser sua última aparição num British Open, seria popular.
Mas há as surpresas, como os sempre frustrados pelos segundos lugares, que dirão ter sido o melhor nessa semana.
Esse é o caso do norte-americano John Daly, que em 1995 encarou uma tempestade para vencer o British Open.
Uma das fascinações para milhões de pessoas que todas as semanas enfrentam as estradas do mundo para jogar golfe é a chance de ser a melhor.
Mesmo que seja por apenas um dia, por apenas um buraco. Ser o melhor do clube de golfe ou o melhor entre os amigos.
Os jogadores nem precisam ser do mesmo nível. O handicap permite a jogadores de níveis diferentes competir: um médio tem vantagem de 12 tacadas sobre um profissional.
Popularidade
O golfe é dos esportes mais populares e de popularidade crescente no Brasil, apesar do número limitado de campos e de restrições à associação.
Ele pode ser jogado por pessoas de qualquer idade ou sexo. Pode ser jogado por simples prazer, ou competitivamente, em qualquer nível.
Em vários países, o golfe é um instrumento essencial nos negócios, e muitas decisões são tomadas no campo.
Esse sempre foi o caso nos EUA -onde quase todos os presidentes foram golfistas- e rapidamente se torna o caso na Ásia, região na qual o golfe é uma febre, e um título de clube pode superar US$ 1 milhão.
Um dos chamarizes do golfe é a possibilidade de se concentrar na tacada e em nada mais.
Você não pode deixar suas preocupações pessoais ou profissionais interferirem. Caso contrário, você nunca irá acertar a bola branca na direção e na distância corretas.
Observe a preparação de um profissional. Você o verá em meio a um ritual que faz dele, de seu clube e da bola um só.
Tudo mais é supérfluo. O elemento social vem das caminhadas entre as tacadas e do 19º buraco, o bar do clube.
Etiqueta
O golfe é mais do que um jogo, é uma tradição com regras de etiqueta, as quais devem ser sempre observadas.
A tradição e a etiqueta transformaram o golfe num negócio bilionário, no qual os jogadores investem alto em clubes, calçados, roupas e atitudes.
A popularidade do esporte também transformou o golfe num grande negócio turístico.
O Brasil perdeu milhares de visitantes ao longo dos anos por causa da pequena infra-estrutura para a prática do golfe.
A Flórida não é a principal destinação nos EUA só por causa da Disney World. O golfe também cumpriu seu papel.
Ela é considerada uma Meca do esporte, com mais campos por quilômetro quadrado do que qualquer outro lugar.
Golfistas peregrinam para jogar na Inglaterra e na Escócia, onde o esporte foi inventado. A Escócia é o berço do golfe, e o Royal St. Andrew, a pátria.
O futuro do golfe é brilhante. Entre em qualquer clube, e você verá uma notável mistura de integrantes de todos os cantos do mundo, unidos pela paixão pelo jogo, não pelo idioma.
Não importa se eles são bons, ruins, mais ou menos, o jogo e seus sonhos vêm na frente.
O sonho é ser o melhor, nem que seja por apenas uma tacada, a esquiva "hole in one". Afinal, nem mesmo o grande Jack Nickalus pode fazer melhor do que isso.

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