São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 1996
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Rossi interpelará Motta por declarações 'levianas'

Na zona sul, candidato usa a música 'Segura na mão de Deus'

ANA MARIA MANDIM
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PDT à Prefeitura de São Paulo, Francisco Rossi, disse ontem que vai interpelar judicialmente o ministro das Comunicações, Sérgio Motta.
Na última sexta-feira, o ministro afirmou que o candidato do PDT "é uma pessoa comprometida com a exploração da crendice popular" e que "o povo deveria escorraçá-lo da vida pública".
Rossi disse que Motta "terá que se explicar direitinho": "Foi uma afirmação muito leviana da parte dele. Sou um fiel, vou a igreja, como católicos ou evangélicos vão, dou meu dízimo, mas nunca pedi dinheiro a ninguém".
Segundo Rossi, a interpelação será apresentada, em poucos dias, ao Supremo Tribunal Federal porque Motta é ministro de Estado e tem foro privilegiado.
Rossi disse ter "dúvidas" sobre o Deus em que o ministro acredita.
'Mexendo com Deus'
"Eu creio num Deus vivo, que é poderoso, que é justiça e que diz 'não toqueis naqueles que têm compromisso comigo', e ele (Motta) está tocando em mim. Então, não está mexendo comigo, está mexendo com Deus", afirmou o candidato pedetista.
"Tenho que agradecer ao ministro porque, me atacando, ele mostra que estou bem nas pesquisas."
Ontem, em minicomício em Jardim Niterói (zona sul), Rossi disse que a eleição será "a hora da verdade".
"Vamos botar o Maluf (Paulo Maluf, atual prefeito de São Paulo) pra correr, e o Covas (Mário Covas, governador de São Paulo) pra trabalhar", disse.
'Banqueiro falido'
Rossi também atacou o governo federal: "Tem dinheiro pra ajudar banqueiro falido, mas não tem dinheiro pra gerar empregos".
Quando o candidato do PDT deixava Jardim Niterói rumo a outro minicomício (ele ontem fez seis minicomícios, todos na zona sul), o carro de som tocou "Segura na mão de Deus", hino religioso gravado por Rossi.
A caminho do helicóptero pousado em um campo de futebol, Rossi foi agarrado e beijado por Maria Guiomar Pinheiro dos Santos, 56, avó, doméstica desempregada, que disse "detestar Maluf".

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