São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 1996
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Mercado de celular tem 'guerra de preços'

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Começou a mais espetacular guerra de preços entre fornecedores de equipamentos de telefonia celular já vista no Brasil.
A guerra dos fabricantes é fruto da reabertura das concorrências públicas pelas telefônicas estatais para ampliação de seus sistemas de telefonia celular.
A intensidade do confronto entre os fornecedores surpreendeu o próprio mercado. A Telemig, de Minas Gerais, abriu concorrência para atender 180 mil assinantes no interior e fixou um preço máximo para os equipamentos equivalente a R$ 650,00 por assinante.
A Nortel (Northern Telecom, do Canadá), atual fornecedora da estatal, ganhou a concorrência com um preço 40% menor do que o teto fixado pela telefônica.
A queda dos preços em Minas mostrou que os fabricantes internacionais estão preparados para uma disputa palmo a palmo no mercado brasileiro.
O fenômeno se repetiu no interior de São Paulo, em duas concorrências abertas pela Telesp: uma para o município de Jundiaí e outra para Sorocaba. Ambas as licitações previam atendimento a 80 mil assinantes.
A Telesp (Telecomunicações de São Paulo) estabeleceu, para os dois editais, um preço máximo de referência para os equipamentos equivalente a R$ 1.200 por assinante.
Em Jundiaí e Sorocaba, os sistemas celulares existentes foram fornecidos pela NEC do Brasil, vencedora da primeira concorrência, feita em 1992.
O resultado da licitação em Jundiaí assustou a NEC. A norte-americana Motorola e a sueca Ericsson ofereceram preços cerca de 25% abaixo do limite proposto pela Telesp.
O resultado da concorrência ainda não foi homologado, mas a Motorola já avisou que vai para a Justiça se a Telesp apontar a Ericsson como vencedora.
Surpresa com a disputa em Minas e em Jundiaí, a NEC entrou na licitação de Sorocaba disposta a qualquer sacrifício e ganhou a concorrência com o preço de R$ 713,00 por terminal, ou seja, 40,5% abaixo do teto estabelecido pela Telesp.
"Somos contra essa guerra irracional de preços, mas resolvemos demonstrar que estamos preparados para ela", afirmou Gilberto Garbi, presidente da NEC do Brasil.
O clima de guerra entre os fornecedores vai aumentar: a Telesp está com uma concorrência em curso para atender 460 mil novos assinantes na Grande São Paulo.
A Telerj, do Rio, abriu licitação para atender 110 mil assinantes no interior, e a Telepar, do Paraná, vai contratar equipamentos para 300 mil usuários também no interior do Estado.

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