São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 1996
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Dois mundos

MELCHIADES FILHO

Tenho ouvido por aí muito espanto com a timidez dos placares olímpicos -a média de pontos dos times masculinos era de 83 até a rodada de ontem.
Nos comentários, o pessoal da TV chegou a dizer que o basquete de Atlanta lembra o do "século passado".
Calma! Não dá para esperar placar de NBA em Olimpíada.
Primeiro porque o jogo tem oito minutos a menos do que na liga norte-americana.
Segundo porque o basquete europeu, com 4 das 12 equipes do torneio, é retranqueiro -média de 74 pontos.
Mas isso não é novidade.
O último campeonato interclubes daquele continente é bom exemplo: o Panathinaikos (GRE) venceu o Barcelona (ESP) por magros 67 a 66.
E olha que o time grego tinha o ala norte-americano Dominique Wilkins, um dos melhores jogadores ofensivos da NBA dos últimos dez anos.
A Europa, na verdade, vive à sombra da Iugoslávia, que manteve a hegemonia internacional por quase 15 anos.
A tática é simples: trabalhar a bola com paciência e só arriscar o chute sem marcação.
O técnico Svetislav Pesic é um dos representantes da escola. Foi ele quem moldou a geração de Toni Kukoc e Vlade Divac.
Para conter o ímpeto e a velocidade, ele ordenava que seus jovens pupilos carregassem uma pessoa nas costas nos treinos de contra-ataque.
Pesic ficou cinco anos invicto com o time iugoslavo e foi campeão europeu de seleções em 1993, com a Alemanha.
Em Atlanta, trilham o caminho oposto Brasil e Austrália -média de 106 pontos.
São times que, por contar com bons arremessadores, apostam nos tiros de longa distância.
São mais cestas de três pontos, ampliando o placar.
Esse tipo de arremesso resulta em rebotes mais longos. A quadra é "encurtada" e proporciona uma transição defesa-ataque mais rápida, e mais pontos.

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