São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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Mancha de óleo deixa 1 milhão sem água

VICTOR AGOSTINHO

VICTOR AGOSTINHO; FAUSTO SIQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Substância que vazou de caminhão atinge rio Cubatão; abastecimento na Baixada Santista pára 14h

FAUSTO SIQUEIRA
Cerca de 1 milhão de pessoas ficou sem água ontem na Baixada Santista por causa do vazamento de óleo lubrificante que atingiu o rio Pilões. O abastecimento foi interrompido por 14 horas.
O óleo escoou para o rio depois que uma carreta com 29,9 mil litros do produto tombou na via Anchieta, anteontem. A expectativa da Sabesp é que hoje de manhã o abastecimento seja normalizado.
Depois de vazar do caminhão pela encosta da serra do Mar, o óleo atingiu o rio Pilões e, mais tarde, o rio Cubatão.
O óleo demorou 21 horas para escorrer pelas canaletas da serra e aparecer no rio porque é viscoso e, no trajeto, vinha se infiltrando no solo. A mancha deve atingir o estuário de Santos nos próximos dias, mas sem impactos significativos. Antes de chegar ao estuário, parte do óleo lubrificante deve ficar retida nos manguezais.
Ontem, na parte da manhã, técnicos da Cetesb (agência ambiental paulista), da Sabesp e da Petrobrás fecharam a barragem do rio Cubatão para que o óleo fosse absorvido e retirado do rio com equipamentos especiais.
O objetivo era evitar que o óleo entrasse no reservatório de água que abastece a Baixada Santista.
Por volta das 15h30 de ontem, a barragem foi reaberta, e a água começou a ser bombeada para o reservatório, que tem 11 metros de altura e capacidade para conter 110 milhões de litros de água.
Segundo o superintendente da Sabesp da Baixada Santista, Francisco Silva Corrêa, a água do reservatório estava em uma altura de dois metros quando o bombeamento foi retomado.
A estimativa de 1 milhão de pessoas sem água foi feita por ele. A cidade que sentiu mais os efeitos do acidente foi Cubatão, que ficou com suas torneiras secas.
Em Santos, São Vicente e Praia Grande, o abastecimento foi prejudicado pela falta de pressão nos dutos, que fazia com que a água chegasse sem força ou nem chegasse, dependendo do bairro.
"Se isso tivesse acontecido, teríamos que esvaziar e lavar o tanque para evitar que a água contaminada chegasse às torneiras."
A empresa Transportes Elson C. Ávila, que carregava o óleo, e a Mobil Oil, proprietária do produto, foram multadas em R$ 36 mil cada. A carreta vinha de Duque de Caxias (RJ) e ia para Santos.
A Sabesp pretende também acionar as duas empresas por perdas e danos, já que teve de interromper o abastecimento de água de quatro cidades. A empresa deixou de produzir 4.200 l de água por segundo.

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