São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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Pontual contesta posição da Mesbla

Mariani já teria parte da empresa

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Advogados do Banco Pontual afirmaram ao juiz Paulo César Salomão, da 7ª Vara de Falências e Concordatas, que o grupo Mariani já teria adquirido parte do capital da Mesbla, por R$ 50 milhões.
O argumento da Mesbla para adiar o pagamento dos débitos com fornecedores na concordata é dar tempo para o grupo Mariani fazer a proposta de conversão da dívida em debêntures conversíveis em ações. O advogado da Mesbla, Sérgio Bermudes, não foi localizado pela Folha até as 19h.
Além disso, o documento, enviado anteontem a Salomão, afirma que a Mesbla já se encontra em "autofalência" por ter reconhecido não ser capaz de pagar seus débitos fora da concordata.
Os advogados Sérgio Tostes e Domingos Fleury da Rocha referem-se ao fato de a Mesbla ter renegociado esses pagamentos, desembolsando 20% à vista e rolando 80% da dívida para daqui a 60 dias.
Quanto ao fato de o grupo Mariani já ter comprado parte da Mesbla, a prova seria, segundo os advogados do banco, a cláusula do pré-contrato entre a Brazil Energy (empresa do grupo Mariani) e a Mesbla em que a empresa de varejo é obrigada a pagar multa de R$ 50 milhões no caso de haver perdas e danos.
"Se o negócio não foi efetivado, qual o prejuízo do grupo Mariani, no valor de R$ 50 milhões? É inegável que tal numerário já está à disposição de André La Saigne de Botton, razão pela qual devem devolvê-lo ao grupo Mariani, na hipótese de não ser concretizado o negócio", afirmam os advogados.
Tostes voltou a reclamar que o BCN (Banco de Crédito Nacional) e o Safra conseguiram receber parte dos créditos com garantias, enquanto o Pontual ainda não recebeu os seus.
O Banco Safra entrou com uma petição na 7ª Vara, declarando-se "pago por força da compensação de suas garantias", que eram os cheques pré-datados da Mesbla, no valor de cerca de R$ 15 milhões.
O BCN tem depositados em suas contas R$ 23 milhões em recebíveis do cartão Mesbla (dinheiro a receber dos cartões, dados em garantia de empréstimos) e disputa o direito de considerar estas garantias fora da concordata. O Pontual também quer esses créditos.
Acordo
A Mesbla anunciou ontem que a DuLoren recuou da decisão de pedir a falência da empresa por dívidas não-pagas depois da concordata, no valor de R$ 500 mil. A DuLoren, segundo a Mesbla, aceitou as condições de pagamento de 20% à vista e 80% em 60 dias, com juros de 4% ao mês.
Hoje, na sede da Mesbla, no Passeio, centro do Rio, haverá uma reunião dos fornecedores da empresa. Será escolhida uma comissão de fornecedores que terá acesso aos números da empresa e às negociações que estão sendo feitas para tirá-la do buraco.

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