São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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Multidão atira pedras e esterco contra o presidente de Burundi

Incidente ocorre durante funeral de vítimas de massacre

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Uma multidão atirou pedras, lama e esterco contra o presidente de Burundi, que é hutu, quando ele tentava assistir ao funeral de 304 tutsis mortos num massacre.
O presidente burundinês, Sylvestre Ntibantunganya, cujos dois antecessores no cargo foram assassinados, foi rapidamente levado de volta a seu helicóptero.
"Enquanto ele andava, as pessoas atiravam coisas. Primeiro galhos, depois pequenas pedras, lama, esterco e grandes tijolos", disse um fotógrafo da agência de notícias "Reuter" em Bugendana.
Um assessor do presidente disse que ele não ficou ferido no incidente. Alguns jornalistas estrangeiros sofreram ferimentos, como Christophe Parayre, da agência de notícias "France Presse".
Cerca de 150 mil pessoas morreram no conflito entre as etnias tutsi e hutu em Burundi desde 1993, quando os tutsis tentaram dar um golpe e reavivaram a guerra civil.
No fim-de-semana, pelo menos 304 tutsis foram mortos em um campo de refugiados, supostamente pelos radicais hutus. Os hutus agora temem retaliação do Exército, dominado pelos tutsis.
Ontem, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados disse que Burundi concordou em suspender a repatriação de refugiados hutus para Ruanda (país vizinho).
O país já deportou 15.000 refugiados ruandeses. O anúncio da ONU ocorreu pouco depois que o governo de Ruanda disse que Burundi continuaria a repatriação.
Existem hoje 85.000 refugiados ruandeses de etnia hutu em Burundi. Eles fugiram em 1994 com medo da retaliação dos tutsis após o massacre de até 1 milhão de tutsis e hutus moderados em Ruanda.

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