São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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PLANEJAR É PRECISO

Relatório do Banco Mundial introduz novas facetas na discussão sobre o chamado "custo Brasil".
De acordo com o trabalho, publicado ontem pelo jornal "Gazeta Mercantil", fazer negócios no Brasil tornou-se 20% mais caro, desde o Plano Real, em comparação com o período 91/92, usado pelo banco em seu relatório anterior sobre o tema.
Causas principais apontadas pela instituição: a valorização do câmbio e as altas taxas de juros.
De alguma forma, por essa avaliação, o Brasil parece preso a um círculo de ferro: juros elevados e câmbio sobrevalorizado foram as principais armas usadas para reduzir a inflação, que, segundo o Banco Mundial, sobrecarregava o "custo Brasil" até a introdução do real.
São, entretanto, os instrumentos utilizados para conter a alta de preços que se revelam, agora, fatores essenciais na elevação do custo de se produzir bens no país.
Como a manutenção de patamares toleráveis de inflação é um objetivo inquestionável, parecem impensáveis alterações bruscas em quaisquer desses dois instrumentos.
Assim, cresce substancialmente a importância de se passar do diagnóstico sobre o custo da produção nacional a medidas efetivas para reduzi-lo. Nesse sentido, chama particularmente a atenção o problema dos custos portuários, que, no Brasil, são quase o dobro que os da Argentina, para mencionar apenas um país de desenvolvimento comparável.
O estudo do Banco Mundial diz que a eliminação desse sobrepreço seria suficiente para compensar seis pontos percentuais da valorização cambial, estimada pelos técnicos da instituição em 35% desde 1991.
O ponto central do estudo, porém, é o fato de deixar implícito que o Brasil necessita definir um conjunto abrangente de políticas de médio e longo prazos. Sem essa visão de conjunto o país fica sob o permanente risco de adotar medidas pontuais que resolvem um problema, mas criam outro, ainda que de magnitude diferente.

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