São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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O teste da coordenação

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A coordenação política do governo FHC passa hoje por um teste importante na Câmara dos Deputados. Pode ser votada, em segundo turno, a emenda constitucional que cria a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o imposto do cheque para a saúde.
Com a CPMF, FHC inaugurou um novo estilo de relacionamento com o Congresso.
Há sempre duas fases. A primeira consiste na intervenção direta do presidente quando há um projeto de interesse do governo em análise no Congresso. O segundo passo é o acompanhamento, que hoje é feito pelo ministro da Coordenação de Assuntos Políticos, Luiz Carlos Santos.
Antes de existir esse ministério, FHC já falava com seus aliados no Congresso. Só que o acompanhamento posterior ficava difuso, sem ordenação.
No caso da CPMF, o presidente chamou pessoalmente ao Palácio do Planalto os seus líderes no Congresso. Bastou uma reunião de 40 minutos para que os parlamentares saíssem dispostos a ressuscitar o imposto do cheque.
Hoje, a estratégia continua. Só que o comando passou para as mãos do ministro Luiz Carlos Santos. Não está programada reunião de deputados com FHC. "Está tudo mastigado", diz Santos.
Ontem, o ministro da Coordenação de Assuntos Políticos se reuniu com os mesmos líderes que FHC chamou para conversar antes da primeira votação. Esquadrinhou todas as bancadas que podem dar apoio ao imposto do cheque. E produziu uma conclusão detalhista sobre o quórum: "Teremos 372 deputados das bancadas governistas".
Santos sabe que hoje será seu primeiro grande teste. As derrotas recentes que o Congresso impingiu ao governo foram resultado de articulações anteriores à criação do Ministério da Coordenação de Assuntos Políticos.
Se ganhar, o ministro acumula cacife para vôos mais altos. Se perder, sua fama de competente fica arranhada.

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