São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 1996
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Maluf promete fazer 75 casas por dia

FÁBIO SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Paulo Maluf quer entregar 13.416 casas até o final do ano. Até agora, após três anos e meio na Prefeitura de São Paulo, o prefeito inaugurou 10.026 casas -18.438 a menos do que Luiza Erundina, que o antecedeu.
Mesmo que cumpra a meta -de 75 casas por dia até o final do ano- Maluf entregará 5.000 casas a menos do que Erundina, que fez 28.464.
Até agora, o ritmo de construção de novas casas de Maluf tem sido de 10,5 casas/dia. Ou seja teria de aumentar em 650% a velocidade de seus lançamentos imobiliários.
Os números e as previsões são da própria Secretaria de Habitação do município (Sehab). Incluem somente novas unidades e prédios.
As obras da gestão Maluf na área habitacional, e principalmente o Projeto Cingapura, de verticalização de favelas, são divulgados na campanha do candidato do PPB à sucessão do prefeito, Celso Pitta.
Maluf tem dito nas inaugurações de habitações populares que Pitta mereceria ser eleito porque "só ele" poderia dar continuidade a esses projetos.
A prefeitura não conta com verbas suplementares para acelerar o ritmo das obras. O orçamento continua sendo de cerca de R$ 27 milhões por mês. Houve apenas um remanejamento em favor do Projeto Cingapura, que consumia R$ 18 milhões por mês e passa a consumir R$ 20 milhões.
O secretário de Habitação da cidade, Lair Krahenbuhl, reconhece que Pitta divulga as obras da prefeitura para pedir votos.
"O Pitta deve mesmo usar esses números eleitoralmente, porque isso coloca a questão habitacional em pauta", diz Krahenbuhl.
Ele nega, entretanto, que o calendário de inaugurações das obras foi ajustado para se aproximar das eleições. "A maioria das obras demoram em média 18 meses para ficar prontas. Por isso estão surgindo agora", disse.
As informações fornecidas à Folha pela Sehab incluem também a entrega de outras 39.429 habitações como "lote urbanizado" e "unidade urbanizada" até o final da gestão Maluf. Nestes casos, a prefeitura somente "urbaniza" áreas com casas ou barracos já construídos.
Guerra de números
Para o secretário de Habitação, a gestão de Luiza Erundina entregou 28 mil habitações porque "pegou quase tudo iniciado" pela gestão anterior, de Jânio Quadros.
A divulgação dos dados na gestão Erundina gerou uma guerra de números entre PPB e PT. Os números da Sehab são questionados por Nabil Bonduki, superintendente de Habitação Popular da gestão da petista.
Segundo ele, a prefeitura construiu cerca de 32 mil habitações populares entre 1989 e 1992, 4.000 a mais do que informa a Sehab.
A própria Erundina questionou, em entrevista à Folha, as informações da Sehab. "Não sei onde o Maluf arranjou essas 10 mil casas que disse já ter construído". Teriam sido "poucas" as obras em habitação herdadas de Jânio.
Evaniza Rodrigues, coordenadora da União dos Movimentos de Moradia de São Paulo, que reúne 84 mutirões, também duvida dos números da Sehab, referentes à entrega, até agora, de 1.069 moradias em regime de mutirão.
Segundo ela, a prefeitura paralisou em 1993 todas as obras do gênero. Algumas teriam sido terminadas pelos moradores.
Krahenbuhl diz que a prefeitura de fato paralisou obras, mas só nos mutirões daquela entidade, porque "estavam com a prestação de contas irregular". Evaniza diz que as contas estão sendo analisadas pelo Tribunal de Contas do Município e que nada foi reprovado.

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